O vereador Gabriel Monteiro (PSD) está sendo alvo de investigação no Conselho de Ética da Câmara de Vereadores do Rio de Janeiro após realizar fiscalizações em unidades de saúde da capital carioca. Além do Legislativo municipal, o parlamentar é alvo de denúncias na Justiça e no Conselho de Medicina (Cremerj) por conta das idas aos hospitais.
Terceiro vereador mais votado do Rio de Janeiro, Monteiro é conhecido por produzir vídeos para as redes sociais com diversas denúncias relacionadas ao trabalho do poder público. Após ser eleito, porém, ele passou a intensificar sua atuação em serviços como a saúde, com a fiscalização do funcionamento de hospitais.
Ao todo, Monteiro é alvo de quatro representações na Câmara de Vereadores. Uma delas partiu de uma denúncia feita pela equipe da Coordenação de Emergência Regional do Leblon (CER), na Zona Sul do Rio, que acusa o vereador de entrar na unidade, sem autorização da direção, no dia 26 de março.
No documento enviado à Câmara, os profissionais da CER Leblon afirmam que o vereador entrou em uma unidade destinada a pacientes com Covid, com 20 pacientes em ventilação mecânica, dependendo de altíssimo cuidado e vigilância, sem respeitar normas sanitárias.
A outra representação enviada à Câmara foi da organização Social Cruz Vermelha. O vereador esteve no Hospital Albert Schweitzer, em Realengo, administrado pela OS, no dia 7 de abril. Além das unidades de saúde, o vereador é acusado de invadir abrigos da prefeitura em horário noturno.
No dia 30 de março, a juíza Mônica Labuto Fragoso Machado, da 3ª Vara da Infância e da Juventude acolheu um pedido da Secretaria Municipal de Assistência Social impedindo a fiscalização noturna. Segundo a magistrada, independentemente da pandemia de Covid, a fiscalização noturna é absolutamente inconstitucional.
O Ministério Público investiga também se o vereador cometeu abuso de autoridade ao visitar as unidades. Já o Conselho de Ética da Câmara, que já recebeu as representações, deve avaliar se Gabriel Monteiro cometeu quebra de decoro.
Um dos pedidos é do Cremerj, o Conselho Regional de Medicina. No documento, o presidente da entidade afirma que a Lei Orgânica do município do Rio de Janeiro estabelece o livre acesso do vereador às repartições públicas municipais, mas certamente não lhe confere o direito de abusar de suas prerrogativas.
Em sua defesa, Gabriel diz que foi autorizado por uma das unidades de saúde onde esteve e que estava com a roupa do hospital. Segundo ele, várias unidades tinham suspeitas de médicos fantasmas. Sobre os abrigos, ele disse que encontrou falta de alimentos e “flagrou um ovo vencido”.
– Fui impedido de fiscalizar os abrigos após flagrar diversos abrigos desrespeitando normas de direitos humanos das crianças. Eu cheguei em diversos hospitais e UPAs sem médicos, com falta de insumo, estrutura ruim. Eu fui eleito para fiscalizar, para estar na rua – completou.