A gente é muito visual. E muito do que a gente vê quando olha para uma pessoa e o que ela está vestindo é ilusão de ótica. Assim como a gente precisa alinhar nossa identidade e sonhos com todas as formas de expressão que temos a nosso dispor, podemos alinhar os olhos dos outros da forma que quisermos no nosso corpo. Tem tudo a ver como o que queremos comunicar. E as linhas – verticais, horizontais, diagonais – são fortes aliadas para disfarçar, esconder, realçar o que gente quiser.
"Linhas horizontais engordam". Já ouviu isso, né? Não é bem assim. O que acontece, na técnica, é o seguinte: linhas horizontais achatam, linhas verticais alongam e diagonais também. As horizontais cortam o nosso olhar de algo que estava fluido. As verticais, como as diagonais, dão continuidade ao nosso olhar. E como usar isso na prática?
Bem, é um trabalho de olhar. Quando vemos um look no corpo, quanto mais linhas horizontais existir em um determinado lugar, ali teremos uma sensação de término, de um espaço cortado. E não estou falando apenas de roupas listradas. Mas qualquer contraste que exista horizontalmente vai dar essa sensação. Por exemplo, uma calça clara com uma bota de cano alto escura vai cortar ou achatar a perna. Uma pulseira escura e grossa no braço vai cortar o braço. Uma blusa preta usada com uma calça branca vai “repartir" visualmente a pessoa ao meio. Um choker (aquela gargantilha que todo mundo está usando) vai encurtar o pescoço. É tudo questão de visual.
Por outro lado, linhas verticais darão fluidez às roupas. O olhar continua. Assim, roupas com baixo contraste entre si, lenços apenas jogados no pescoço, casacos compridos com poucos detalhes, risca de giz ou qualquer linha vertical que se perceba no look alonga a silhueta. Acontece o mesmo com as linhas diagonais, com o porém que estas podem ser trabalhadas inclusive desviando o olhar do sentido oposto que elas escorrem.
Não é questão de "pode" ou "não pode". Tem a ver com sua intenção. Eu sei que a maioria das mulheres preferem ser longas e magras, mas repare no seu corpo. Às vezes, existem partes que você poderia encurtar para ficar mais proporcional com o todo. Por exemplo, alguém com um quadril um pouquinho mais largo e com costas estreitas talvez pretenda trazer uma proporção maior no visual geral. Aí é só “engrossar” a parte de cima, ao invés de tentar a todo custo sumir com o quadril (mas sempre trabalhando com aceitação!).
Como eu disse, é trabalhar o olhar. É colocar uma roupa, não sair apressada, se olhar no espelho por alguns minutos e tentar enxergar essas linhas intrínsecas, nem sempre tão aparentes que a roupa cria. Assim como tudo na vida, parar a correria, analisar, observar e enxergar por outro ângulo nos proporciona um olhar crítico em que as coisas poderiam ficar mais bem alinhadas, mais coerentes, mais ao nosso favor.