Mostra Retrospectiva fará homenagem a Hector Babenco
Curitiba se transforma na capital do cinema entre os dias 20 e 28 de outubro, quando será realizado o Festival de Cinema da Bienal Internacional de Curitiba (FICBIC 2016) apresentando dezenas de curtas, longas e documentários inéditos que fazem um recorte significativo do cinema atual. Desde 2014, o evento passou a ser realizado anualmente e não apenas nos anos de Bienal, reafirmando Curitiba como palco dos grandes festivais. Este ano, o FICBIC está dividido em seis mostras: Panorama do Cinema Mundial, Panorama do Cinema Brasileiro, Cinema em Retrospectiva, Universo Z, Circuitos e Circuito Universitário. E, atendendo a um clamor o público nas últimas edições, grande parte dos filmes será exibida duas vezes para contemplar a todos os que tiverem interesse. As exibições serão concentradas nas salas do Espaço Itaú de Cinema, no Shopping Crystal; Cine Guarani, no Portão Cultural; Cinemateca de Curitiba e Sesc Paço da Liberdade.
A obra cinematográfica de abertura do FICBIC será o inédito Fogo no Mar, documentário franco-italiano do diretor Gianfranco Rossi, vencedor do Urso de Ouro do Festival de Berlin 2015, que será exibido simultaneamente em três salas do Espaço Itaú no dia 20/10, às 20 horas.
A Petrobras honra a tradição de apresentar o Festival. "Há mais de 20 anos, seguimos acreditando no cinema e apostando na importância dos festivais como espaço de celebração à cultura", avalia Luis Fernando Lima de Brito, Gerente de Patrocínio Cultural da Petrobras, patrocinadora do Festival.
O FICBIC tem a curadoria da doutora em audiovisual Denize Araujo e do jornalista e crítico de cinema Paulo Camargo. O tema deste ano, escolhido pelos curadores, é Convergências e Subjetividades, considerando, pelo enfoque convergente, filmes que dialogam com outras mídias ou que inserem recursos estéticos e narrativos ficcionais em documentários. Analisados pelo prisma da subjetividade, alguns filmes selecionados exibem nuances que dificultam uma definição precisa, incentivando reflexões sobre assuntos instigantes que podem ser alvo de múltiplas interpretações. É o caso do filme de abertura, que aborda a aguda crise humanitária dos refugiados da África e do Oriente Médio. “O assunto é conduzido com imparcialidade e maestria, implicitando ao espectador que o drama é complexo e envolve diversas instâncias”, diz Denize Araujo.
A mostra Panorama do Cinema Mundial vem neste viés com filmes inéditos e aplaudidos em festivais internacionais. Entre os destaques, está The land of the Enlightened, do diretor e fotógrafo belga Pieter-Jan de Pue, que recebeu o Prêmio Especial do Júri de Cinematografia do Festival de Sundance (EUA) 2016. Filmado em 16mm no Afeganistão, o filme une cenas de realismo a elementos estéticos criativos para narrar uma fábula moderna sobre crianças que sobrevivem trocando mercadorias num ambiente corrompido por drogas e armas.
Na mostra Panorama do Cinema Brasileiro, os curadores selecionaram obras autorais de cineastas de várias gerações, como os veteranos Domingos de Oliveira, Julio Bressame e Ruy Guerra e o curitibano Guilherme Weber, que estreia na direção cinematográfica com Deserto, ainda inédito por aqui e ganhador do prêmio de melhor direção de arte no último Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Inspirado no romance mexicano Santa Maria do Circo, o longa-metragem parte da tradição do teatro saltimbanco para narrar a história de um grupo de artistas que viaja apresentando um espetáculo mambembe pelo sertão nordestino. A sessão, dia 26, às 19 horas, será seguida de um debate com a presença de Guilherme Weber do Espaço Itaú de Cinema.
Além de dirigir o aguardado Quase Memória, da obra de Carlos Heitor Cony, Ruy Guerra também estará presente no FICBIC como um dos principais entrevistados de Cinema Novo, filme de Eryk Rocha premiado com o troféu Olho de Ouro, concedido ao melhor documentário no Festival de Cannes (2016). “Em todos os longas da Mostra Brasileira, há intenso diálogo, tanto no âmbito estético quanto temático, com o próprio fazer cinematográfico e com outras vertentes artísticas, como o teatro, a literatura e as artes visuais”, afirma o curador Paulo Camargo.
O Circuito do Festival apresentará filmes clássicos do Cinema Francês, todos com exibição em 35mm, com o apoio da Cinemateca da Embaixada da França no Brasil e Institut Français. A seleção da mostra de filmes contemporâneos do Cinema Alemão tem apoio da Filmoteca do Goethe Institut. O Consulado Geral do Japão em Curitiba e a Fundação Japão apresentam a Mostra de Cinema Japonês “Convivendo com a natureza”. E o Centro Cultural de la Republica Cabildo realiza uma seleção de curtas do novo cinema Paraguaio.
A mostra Cinema em Retrospectiva, presta homenagem ao diretor Hector Babenco, falecido em julho desde ano. Nascido na Argentina, Babenco deixou sua marca indelével no cinema brasileiro, ao se debruçar em questões importantes na formação do caráter do nosso povo. Serão exibidos cinco filmes, todos em 35 mm: O Beijo da Mulher Aranha; O Rei da Noite; Pixote, a Lei do Mais Fraco; Brincando nos Campos do Senhor; e Ironweed.
Com curadoria de Aristeu Araújo, a mostra Universo Z traz uma seleção de onze curtas-metragens para o público infantil e infanto-juvenil. São filmes que estimulam a imaginação e que representam a rica e diversificada produção nacional contemporânea.
Pensado para levar as produções de novos realizadores às telas, o Circuito Universitário reúne uma grande diversidade de obras, formatos e temas. Subdividido em mini-mostras, este circuito é realizado em parceria com as universidades públicas e privadas do estado.
O Festival de Cinema da Bienal Internacional de Curitiba 2016 é apresentado pela Petrobras, organizado pela Bienal de Curitiba com apoio da Unespar-FAP, FCC e Prefeitura de Curitiba e realizado pelo Ministério da Cultura Secretaria de Estado da Cultura do Governo do Paraná. Conta com patrocínio do BNDES e Itaipu Binacional por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Co-patrocínio da Fecomércio PR, SESC Paraná.
Sobre os curadores do FICBIC
Paulo Camargo é jornalista, crítico de cinema e professor dos cursos de Jornalismo da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) e do Centro Universitário UniBrasil. Também leciona em cursos de pós-graduação da PUCPR. É integrante da Associação Brasileira de Críticos de Cinema e editor do portal de cultura A Escotilha.
Denize Araujo é Coordenadora da Pós em Cinema e Docente do Mestrado e Doutorado da UTP – Universidade Tuiuti do Paraná, na linha de Cinema e Audiovisual. É diretora do Clipagem – Centro de Cultura Contemporânea. É Membro do International Council, do Publishing e do Scholarly Review Committee, e Vice-Coordenadora do GT Visual Culture da IAMCR.