O governador Carlos Massa Ratinho Junior assinou nesta sexta-feira (22), em Lyon, na França, o protocolo de ingresso do Paraná na rede internacional da seda.
Ratinho Junior e o secretário de Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, representaram o Estado no Festival da Seda de Lyon (Silk In Lyon), que ocorre pelo terceiro ano consecutivo e reúne os representantes da indústria internacional e os maiores produtores de fio de seda do mundo. Eles foram convidados pela Hermès, marca francesa famosa por seus produtos de couro e seda. Lyon é considerada o centro global da fibra.
No evento, aconteceu a assinatura oficial de criação da Rede Internacional de Cidades da Seda e Regiões Metropolitanas, que vai explorar as cidades em torno do tema da seda como atração de negócios e desenvolvimento econômico. O Paraná, que é o maior gerador de fio de seda do Brasil, reconhecido internacionalmente pela qualidade da fibra e pela economia sustentável, passa a fazer parte dessa rede.
A teia econômica envolve países e regiões produtoras e pretende estabelecer canais de networking global para refinar a produção. Também assinaram o pacto China, Japão, Uzbequistão, Espanha, Itália e França.
O objetivo do Paraná dentro da rede, afirmou Ratinho Junior, é fazer da produção da seda um vetor de desenvolvimento econômico, social, ambiental e turístico, espelhando o que outras regiões do mundo já fazem em torno da cultura.
“A seda chegou ao Estado na década de 30 com a imigração japonesa e desde então vem colaborando com nosso desenvolvimento econômico. O governo pretende ampliar em cerca de 50% a produção nos próximos três anos”, disse o governador. “A seda emprega milhares de famílias no Paraná e buscamos cada vez mais qualidade para os clientes internacionais, que são nossos grandes compradores”.
Segundo o secretário de Agricultura e do Abastecimento, o ingresso na rede global significa uma oportunidade de apresentar a produção sustentável paranaense, questão fundamental no mundo da moda. "É uma união global de incentivo à sustentabilidade e ao fortalecimento da cadeia. A seda brasileira tem qualidade muito superior, embora nossa participação ainda seja pequena no mercado global. As grifes mundiais veem com muito interesse nossa produção”, acrescentou Ortigara. “Nosso desafio é fortalecer essa cadeia que gera oportunidade, emprego e num modelo sustentável que o mundo aprecia”.
REDE – A Rede Internacional de Cidades da Seda e Regiões Metropolitanas pretende explorar o potencial dos municípios e dos produtores em torno da seda, principalmente para atração de negócios e desenvolvimento econômico. O objetivo é fazer da fibra uma propulsora de oportunidades para aumentar o intercâmbio entre os países e a geração de renda.
A rede pressupõe pontes entre os países para tornar a fibra indutora de inovação e pesquisa para o agronegócio, produtos têxteis, dermatológicos e cirúrgicos, além dela ser a base de um setor-chave das indústrias cultural e criativa de moda e design. Entre as medidas a serem adotadas em conjunto está a proteção da seda e de seus produtores como condutores de conhecimentos históricos, habilidades comerciais e conservação do patrimônio.
Durante o Festival da Seda de Lyon também foram projetadas ações para reforçar os negócios e as relações com artistas, artesãos, pesquisadores e industriais das áreas produtoras para promover enriquecimento mútuo. O evento contou com programação técnica sobre a valorização desse mercado.
PARANÁ – O Paraná é o maior produtor de fio de seda do País, responsável por 84% da produção nacional. O volume anual brasileiro é de 3.008 toneladas de casulos verdes, das quais 2.533 toneladas são paranaenses.
São mais de 4.000 hectares plantados com amoreiras no Estado, com cerca de 2.310 famílias na atividade. Estima-se que o setor gera cerca de 8 mil empregos diretos e indiretos em 174 municípios. Os fios de seda paranaense são vendidos para indústrias de fiação da Europa e da Ásia.
A Secretaria da Agricultura e Abastecimento apoia a atividade por meio das patrulhas sericícolas (conjunto de equipamentos que inclui trator, carreta, roçadeira, distribuidor de calcário, subsolador, corrente e máquinas de retirar casulo). Além disso, os pesquisadores do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), em conjunto com os técnicos da Emater e da indústria Bratac, propõem inovações constantes para os sericicultores com o objetivo de gerar mais renda com aumento da produtividade e redução do esforço físico pelo uso de máquinas e equipamentos específicos à atividade.
Com a introdução de mais tecnologia, facilitada pelas inovações geradas por Iapar, Emater, e indústria, o Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura registra aumento do ingresso de jovens na atividade – a renovação de sericicultores é de cerca de 10% ao ano -, em contraponto a outras culturas, que têm mais dificuldades nessa fidelização.