Entre os diversos atrativos e histórias que a Serra do Mar guarda está a ferrovia que liga a capital ao litoral. Com 131 anos, a estrada de ferro nos proporciona um passeio maravilhoso em meio à Mata Atlântica mais bem preservada do nosso país e guarda muitas histórias do desenvolvimento do estado.
A ferrovia começou a ser construída em 1880 ligando Curitiba a Paranaguá com o intuito de escoar as riquezas e produção do estado, que ainda pertencia a província de São Paulo. A emancipação política do Paraná ocorreu apenas em 1853.
A complexidade do trajeto sinuoso entre morros e vales da serra do mar fez com que a obra de construção da ferrovia fosse considerada uma das construções mais ousadas da época. Ao todo, diversos engenheiros conduziram o processo de construção da estrada de ferro em que mais de nove mil homens que trabalharam.
Como se não bastasse essa dificuldade, àquelas bem conhecidas dos brasileiros que aguardam a realização de uma obra pública, como falta de recursos, atrasos burocráticos, ingerências políticas, entre outros, também aconteceram para o atraso da conclusão da ferrovia.
A locomotiva de inauguração percorreu a ferrovia Paranaguá-Curitiba em 2 de fevereiro de 1885, levando uma comitiva da corte portuguesa que desembarcava em Paranaguá. O trajeto foi feito em 10 horas.
Há registros de que nesse dia, carroceiros fizeram protestos na estação de Curitiba e pela estrada da Graciosa por estarem temerosos com relação ao futuro de suas atividades. Além de passageiros, eles carregavam principalmente a produção de erva-mate do interior para ser exportado no Porto de Paranaguá.
Antes da locomotiva esse era o único meio de transporte e o trajeto percorrido por esses carroceiros eram trilhas e estradas já bem conhecidas pelos índios. A produção era carregada no lombo de mulas e escravos.
Dentre esses caminhos, alguns estão abertos até hoje e são bem conhecidos, como a estrada da Graciosa, Caminho do Itupava e Arraial. Ambas merecem um capítulo a parte também.
De Curitiba ao litoral, a ferrovia tem 110 quilômetros de extensão, 14 túneis, 30 pontes e muitos viadutos. Alguns pontos são bem conhecidos, como a Ponte São João, com 55 metros de altura, e o Viaduto Carvalho, ligado ao Túnel do Rochedo. Ao longo de todo esse trajeto lindo as pessoas podem aproveitar para admirar as belas paisagens e tirar fotos.
Com o tempo e a continuidade do desenvolvimento do país, com investimentos em rodovias e aeroportos, a ferrovia ganhou “concorrência” e passou a ser menos utilizada. Porém, continua sendo um bom passeio para aqueles que gostam de lindas paisagens e descobrir a história do desenvolvimento do Paraná.
O trajeto de Curitiba a Morretes, que passa pela estação do Parque Estadual do Marumbi, dura aproximadamente três horas. O preço do trajeto varia de acordo com a idade dos passageiros e o pacote.
*Com informações da Gazeta do Povo (http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/especiais/ferrovia-130-anos/index.jpp)