Na manhã desta segunda-feira (12), o Movimento Brasil Livre (MBL) anunciou formalmente o pedido de cassação do mandato do vereador João Bettega na Câmara Municipal de Curitiba. A medida foi comunicada em entrevista coletiva pelo coordenador estadual do movimento, William Rocha, e pelo advogado Luiz França.
Segundo os representantes do MBL, o pedido se fundamenta na omissão deliberada de Bettega diante da nomeação de José Luiz Veloso para a presidência do Instituto Municipal de Turismo. Veloso possui condenação por improbidade administrativa, fato que, de acordo com o grupo, era de conhecimento do vereador desde 28 de fevereiro. Ainda assim, ele optou por não denunciar ou tomar providência alguma, o que, segundo a argumentação apresentada, configura prevaricação e quebra de decoro parlamentar.
“Ele foi eleito com o discurso de independência e fiscalização, mas preferiu se calar e proteger interesses políticos em vez de cumprir sua obrigação”, disse William Rocha. O grupo ainda denunciou que a omissão teria sido motivada por vínculos políticos com o indicado e por interesses pessoais de autopreservação.
Durante a coletiva, foi revelado que todos os assessores do gabinete de Bettega pediram exoneração coletiva, alegando desvio de propósito no mandato, falta de propostas e abandono das atividades legislativas. “O mandato virou uma fábrica de criação de conteúdo e não um gabinete parlamentar”, afirmou Luiz França, que ocupava o segundo cargo na hierarquia do gabinete.
Luiz também relatou que, ao ser informado da situação envolvendo Veloso, Bettega preferiu “guardar a carta na manga”, como consta em um áudio que será anexado ao processo. O grupo revelou que desde então houve tentativa de apuração junto à Prefeitura e que, diante da omissão contínua do vereador, decidiram tornar o caso público.
O MBL também anunciou a expulsão de João Bettega do movimento. William Rocha comparou a situação à de Fernando Holliday, outro ex-integrante, mas classificou a conduta de Bettega como “a maior traição da história do Movimento Brasil Livre”. “Ele traiu a equipe, traiu os colegas, traiu o projeto coletivo e, ainda pior, fez isso de maneira dissimulada, falsa e calculada”, afirmou.
Os ex-assessores afirmaram que Bettega passou a ignorar o papel institucional do mandato e a priorizar a visibilidade nas redes sociais, deixando de lado as funções legislativas. “O município de Curitiba não está nem aí se a Janja xingou o Musk ou não”, ironizou Luiz, destacando a perda de foco do parlamentar nas pautas locais.
Ao final da coletiva, William Rocha reforçou que o ato não é motivado por vingança, mas por coerência política. “O MBL não está à venda. Nossos valores não estão à venda. Nem os do movimento, nem os nossos como pessoas.”
O pedido de cassação será avaliado pela Câmara Municipal de Curitiba.
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