A Polícia Federal revelou uma série de irregularidades envolvendo o vice-prefeito de Colombo, Professor Alcione, que comprou cinco apartamentos em um único dia, pagando à vista um valor suspeito. A transação, que ocorreu em um único residencial, teve os imóveis registrados em nome de um filho do vice-prefeito e de uma empresa da qual ele é sócio, a Editora Educador. As informações foram divulgadas nesta quarta-feira (14) pelo jornal O Globo, com base em uma investigação da operação Liber, que também cumpriu mandado de busca e apreensão na residência de Alcione.
De acordo com documentos sigilosos da investigação, Alcione desembolsou R$ 500 mil pelos imóveis, mas a Polícia Federal suspeita que o valor real seria o dobro, estimando cada apartamento em R$ 200 mil. A operação Liber aponta para uma possível tentativa de ocultar parte do montante real investido, sugerindo uma manobra de lavagem de dinheiro. “Foi feito lançamento menor da quantia desembolsada para ocultar parte do montante investido e permitir margem de lucro aparentemente lícita com a venda futura”, destaca o relatório da PF.
Outro ponto crucial da investigação é a Editora Educador, apontada como uma possível empresa de fachada, sem rendimentos que justifiquem as aquisições imobiliárias em questão. A Polícia Federal questiona como o vice-prefeito, que recebe um salário de aproximadamente R$ 10 mil, poderia ter acumulado um patrimônio avaliado em mais de R$ 1 milhão em apenas dois anos. A suspeita de que os recursos utilizados na compra dos apartamentos tenham origem em desvios de dinheiro público torna-se ainda mais forte diante dessas inconsistências.
Alcione, que já havia sido afastado de suas funções na Secretaria da Educação de Colombo por determinação da Justiça Federal, teve o retorno ao cargo de vice-prefeito autorizado pelo Superior Tribunal de Justiça. No entanto, permanece afastado da pasta da Educação. A investigação da PF envolve ainda a aquisição superfaturada de livros infantis, que teriam servido como fachada para desvio de recursos públicos. Em Colombo, a prefeitura teria pago R$ 141,00 por unidade de um livro de 23 páginas, enquanto outras cidades do Paraná adquiriram o mesmo produto por valores muito inferiores, variando entre R$ 13 e R$ 60. O prejuízo estimado aos cofres públicos é de R$ 7,3 milhões, dos quais R$ 1,9 milhão teriam sido desviados em favor de Alcione e seus familiares.
A situação do vice-prefeito complicou-se ainda mais com a recente decisão da Justiça Federal que transferiu a competência do caso para a Justiça Estadual, atendendo a um pedido da defesa de que os recursos federais investigados teriam sido integrados ao orçamento municipal, e estariam, portanto, sob jurisdição estadual. Além da mudança de competência, a defesa de Alcione busca a anulação de todos os atos praticados até o momento, o que será analisado pela Justiça Estadual.
Diante do escândalo, o prefeito Helder Lazarotto decidiu substituir Alcione na chapa de reeleição para o pleito de outubro, optando por Paulo Coradin como seu novo vice. Alcione enfrenta graves acusações, incluindo corrupção ativa e passiva, associação criminosa, fraude à licitação e lavagem de dinheiro, complicando ainda mais sua posição política e jurídica.
O caso segue sendo acompanhado de perto pela comunidade de Colombo, que aguarda o desenrolar das investigações e as decisões judiciais que definirão o futuro político e legal do vice-prefeito.