Vereadora pede tombamento do Bosque da Copel para proteger mata nativa no bairro Bigorrilho, em Curitiba

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Foto: Luiz Costa/SMCS

A vereadora Laís Leão (PDT) protocolou nesta sexta-feira (5) um pedido de tombamento do Bosque da Copel, área de aproximadamente 100 mil metros quadrados que abriga mata nativa no bairro Bigorrilho, em Curitiba. O requerimento foi encaminhado ao Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de Curitiba (CMPC), responsável por analisar solicitações de preservação de bens culturais, ambientais e paisagísticos.

Se o pedido for acolhido, o bosque passa a integrar o Livro de Tombo do Patrimônio Ambiental e Paisagístico do Município, o que impede intervenções que possam descaracterizar ou reduzir a área durante o processo de análise.

Nas últimas semanas, moradores de diferentes bairros se mobilizaram em defesa da preservação do bosque, reunindo mais de 7 mil assinaturas em abaixo-assinado entregue ao Ministério Público do Paraná. Faixas também foram instaladas na região para reforçar a manifestação pela proteção da mata.

A legislação municipal 14.794/2016 prevê que, após o protocolo de um pedido de tombamento, a área fica temporariamente protegida até a deliberação final do Conselho, medida que evita a realização de obras, cortes de árvores ou movimentações de solo que possam causar danos irreversíveis. O pedido protocolado menciona relatos recentes de degradação, intervenções irregulares e pressões imobiliárias no local.

A vereadora afirma que tem recebido mensagens de moradores preocupados com a possibilidade de a área ser alterada. Segundo ela, o tombamento busca assegurar que a vegetação permaneça preservada enquanto o processo é analisado pelo poder público.

Área tem relevância ambiental e histórica

O Bosque da Copel é considerado um dos últimos grandes fragmentos verdes do Bigorrilho, com áreas de nascentes, recarga hídrica e remanescentes de Floresta com Araucárias. O local também abriga o antigo “Chapéu do Pensador”, estrutura utilizada como gabinete pelo Governo do Estado e associada ao ex-governador Jaime Lerner.

O documento apresentado ao Conselho destaca que a preservação da área contribui para a infiltração e o escoamento de água, mitigação de enchentes, redução de ilhas de calor e manutenção de serviços ecossistêmicos importantes para a região.

Como ocorre o processo de tombamento

Após o recebimento do pedido, o Conselho Municipal do Patrimônio Cultural decide pela abertura formal do procedimento. Nessa etapa, a Câmara Técnica realiza levantamento fotográfico e georreferenciado, estudos ambientais, hídricos, paisagísticos, históricos e urbanísticos, além da identificação completa dos lotes envolvidos. O proprietário e órgãos municipais são notificados, e a legislação prevê que a sociedade possa participar enviando documentos, depoimentos e manifestações públicas.

Com a conclusão da análise, o processo retorna ao Conselho, que delibera se o bem será tombado, receberá outro tipo de proteção ou se o pedido será arquivado.

Discussões sobre o futuro da área ocorrem há anos

O futuro do Bosque da Copel é pauta de debates há décadas, impulsionado pela localização em uma área valorizada de Curitiba. As preocupações se intensificaram após relatos de que a área teria sido vendida para um empreendimento imobiliário. Privatizada em 2023, a Copel confirmou ao mandato da vereadora que, em 30 de setembro de 2024, o terreno foi alienado por meio de escritura pública. A empresa não informou qual será o destino definido pelo novo proprietário.

O bosque já foi reconhecido oficialmente pelo poder público em 2018, quando a Prefeitura de Curitiba e o Governo do Estado firmaram protocolo de intenções para transformá-lo em Reserva Particular do Patrimônio Natural Municipal (RPPNM). Na época, a administração municipal destacou o papel da área na redução de ilhas de calor e na regulação hídrica. A iniciativa, porém, não avançou.

Em outubro deste ano, a vereadora também sugeriu ao Executivo retomar a proposta de criação de uma RPPNM para garantir proteção permanente ao bosque.

 

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