Durante o pequeno expediente na Câmara Municipal de Curitiba nesta segunda-feira (23), a vereadora Rafaela Lupion (PSD) utilizou seu tempo de fala para rebater a matéria publicada sobre sua proposta de implantação de uma faixa de pedestres do tipo Visible Crossing em frente ao Clube Curitibano, no bairro Água Verde. Em tom visivelmente exaltado, a vereadora chegou a ultrapassar o tempo regimental da tribuna e foi interrompida pela presidência da Casa pelo menos quatro vezes durante sua fala.
Em sua manifestação, a vereadora questionou o conteúdo da reportagem, afirmando que “a manchete está errada” porque, segundo ela, não se trata de uma “nova faixa”, mas sim de uma sugestão para a implantação de um tipo específico de travessia, que ainda não existe no local. No entanto, é importante esclarecer que o termo “nova faixa” refere-se justamente à proposta inédita apresentada por ela, que ainda não foi executada. O uso do termo “nova” em contexto jornalístico não significa que já exista uma faixa no local, mas sim que está sendo sugerida a criação de uma.
Outro ponto levantado pela vereadora foi a alegação de que houve apenas uma crítica nos comentários de seu vídeo nas redes sociais. No entanto, como relatado na matéria, o comentário citado foi usado como representação do sentimento gerado pela proposta em parte do público, especialmente por se tratar de uma ação voltada a uma área considerada nobre da cidade, como o entorno do Clube Curitibano. O fato de a vereadora ter sentido a necessidade de se manifestar publicamente por mais de cinco minutos sobre a repercussão de uma suposta “única crítica” reforça que o conteúdo publicado tocou em um ponto sensível do debate urbano: a prioridade das ações públicas em regiões de maior poder aquisitivo, em contraste com áreas que enfrentam carência estrutural.
É importante destacar que a reportagem em momento algum negou que o gabinete da vereadora atue também em regiões mais vulneráveis. Inclusive, isso não foi o foco da matéria. O conteúdo se limitou a apresentar, com base na fala da própria vereadora, a proposta realizada para o Clube Curitibano e a reação pública que ela gerou. A crítica destacada no texto — “Ahhh que feio, atender a população carente é mais importante que essa elite que com recursos próprios poderiam ter feito toda essa melhoria” — foi real, está registrada publicamente e reflete uma percepção social legítima sobre desigualdade no acesso a melhorias urbanas.
O papel do jornalismo é justamente esse: registrar, questionar e provocar reflexão sobre as ações do poder público, especialmente quando envolvem locais já historicamente privilegiados. E, nesse caso, a escolha de destacar uma proposta voltada a uma área reconhecidamente de alto padrão — com o Clube Curitibano como símbolo — abre, sim, margem para debate. Isso não desqualifica outras ações da vereadora, mas chama atenção para as prioridades que ganham visibilidade e resposta imediata.
Portanto, a matéria publicada está correta em seu conteúdo, fiel aos fatos e à fala da própria parlamentar, e cumpre seu papel informativo de forma ética e transparente. Seguimos abertos ao diálogo, mas também firmes no compromisso com a verdade, a liberdade de imprensa e o interesse público.
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