Vereadora de Curitiba compara caso ao de Renato Freitas e diz ser perseguida após denúncia da cartilha pró-drogas

4 Min de leitura
Foto: XV Curitiba.

A Câmara Municipal de Curitiba aprovou nesta segunda-feira (1º), por 29 votos a 6, a denúncia contra a vereadora Professora Ângela (PSOL), acusada de distribuir uma cartilha considerada pelos autores da ação como apologia ao uso de drogas. A decisão levou à instauração de uma Comissão Processante, que terá 90 dias para avaliar se a parlamentar será suspensa ou cassada.

Logo após a votação, a vereadora se manifestou em entrevista e classificou o processo como uma perseguição política, sem base jurídica. Segundo Ângela, trata-se de um movimento articulado nacionalmente para tentar silenciar mandatos que representam vozes dissidentes.

“Recebemos essa decisão com firmeza, porque o nosso trabalho é sempre transparente e responsável. Temos a certeza de que é uma perseguição política, que não tem nenhum motivo jurídico que fundamente o que está acontecendo. É uma tentativa organizada no país inteiro de criminalizar mandatos combativos e calar vozes dissidentes”, declarou.

A parlamentar destacou que foi eleita para representar segmentos historicamente marginalizados.

“Eu sou professora, represento a educação, as mulheres, a pauta LGBT, a negritude, trabalhadores e trabalhadoras. Essas vozes quase nunca são ouvidas nesta Casa. Por isso tentam nos calar”, afirmou.

Defesa da cartilha

Na entrevista, Ângela voltou a defender o conteúdo da cartilha distribuída na audiência pública, argumentando que o material segue uma linha reconhecida por órgãos internacionais de saúde.

“A política de redução de danos é reconhecida pela OMS, pela ONU e pelo Ministério da Saúde. Não há nada de criminoso nisso. Ao contrário: salva vidas. O material foi feito de boa-fé, para profissionais da saúde e advogados, mas foi distribuído de forma irresponsável por vereadores interessados apenas em likes nas redes sociais”, disse.

Comissão processante criticada

A vereadora também criticou a composição da comissão formada para conduzir o processo, composta por Renan Ceschin (Podemos), presidente, Olympio Araújo Júnior (PL), relator, e Zezinho do Sabará (PSD), membro.

“Não poderia ser pior. Basta ver as redes sociais dos membros para ter ideia de como será o relatório. Espero que a Câmara se debruce em questões maiores que a cassação do meu mandato. O que está em jogo é a liberdade de ter posições políticas”, destacou.

Comparação com Renato Freitas

Durante a entrevista, Ângela comparou o caso ao do ex-vereador e atual deputado estadual Renato Freitas (PT), que também enfrentou um processo de cassação no Legislativo curitibano.

“O que há de parecido é o incômodo com pessoas que vêm de baixo, que não têm sobrenome conhecido, que representam vozes dissidentes. Eles não suportam um mandato que enfrenta com coragem o que muitos preferem esconder”, afirmou.

Apesar de reconhecer a gravidade do processo, Ângela garantiu que adotará todas as medidas jurídicas necessárias para tentar reverter a decisão.

“Estou sofrendo uma perseguição política que espero que não termine em cassação. Vamos tomar todas as medidas possíveis para que isso não aconteça”, completou.

Compartilhe o artigo