Um vídeo publicado pela nutricionista Ana Bail, de Curitiba, ultrapassou 10 mil curtidas nas redes sociais ao denunciar o comportamento de homens que desrespeitam mulheres durante treinos de triatlo. O desabafo foi motivado por um episódio de hostilidade sofrido por Ana durante um treino no velódromo da cidade.
Em mensagem enviada à reportagem, Ana Bail detalhou os motivos que a levaram a fazer o vídeo e a importância de tocar nesse tema:
No sábado, por volta das 11 horas da manhã, fui ao velódromo realizar meu treino. Escolhi esse horário justamente para evitar o maior fluxo de atletas, já que precisava correr e pedalar em sequência. Seria difícil fazer esse tipo de treino em outro local de Curitiba, considerando o movimento de carros e pedestres nas ruas.
Logo nas primeiras voltas, ainda iniciando o treino, precisei utilizar momentaneamente a segunda faixa de velocidade, mais à esquerda, pois havia um pai pedalando muito devagar na faixa mais lenta. Ele acompanhava a filha, que participava de uma escolinha de triathlon, e gravava vídeos dela. Dada a baixa velocidade dele e a ocupação da linha correta, não havia como eu me manter na faixa mais lenta naquele momento. Assim que ele saiu, fui imediatamente para o lugar correto e permaneci ali durante todo o restante do treino.
Apesar de estar na faixa certa e respeitando as normas do local, um homem, vinculado a uma assessoria esportiva conhecida em Curitiba, passou a me hostilizar verbalmente. A cada volta, ele fazia um novo comentário. O primeiro foi um deboche, insinuando que eu estava atrapalhando o caminho dele, o que não fazia sentido, já que ele vinha em uma faixa mais rápida. O que realmente acontecia era que ele não conseguia acompanhar o próprio pelotão e, por estar cansado, projetou essa frustração em mim.
Na volta seguinte, mandou que eu fosse para casa. E, por fim, repetiu o deboche com mais agressividade. Ficou evidente que o incômodo não era minha presença na pista, e sim o fato de uma mulher estar treinando ali, ocupando o mesmo espaço.
Depois que compartilhei esse relato no Instagram, o que tenho recebido nas redes apenas confirma o que ocorreu naquele dia. Muitos comentários trazem exatamente esse tipo de visão: de que o lugar da mulher é lavando louça, lavando roupa, ou que não temos capacidade de praticar esporte. Algumas pessoas tentaram invalidar o ocorrido, como se eu tivesse que provar algo. Chegaram a questionar até o simples fato de uma mulher praticar atividade física.
Em momento algum eu generalizei. Nunca foi dito que todos os homens ali são babacas. O que foi apontado é que “existem pessoas com esse perfil que treinam naquele espaço”. E, se alguém entendeu diferente, talvez o problema não esteja no que foi dito, mas na forma como foi interpretado.
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