Serragem colorida, pó de café, cal, sal grosso e flores. A tradição de enfeitar as ruas para a passagem do Santíssimo Sacramento se repete em todos os municípios do Paraná durante o Corpus Christi. A celebração que colore as ruas das cidades, e veio para o Brasil com os imigrantes portugueses no período colonial, é mais uma opção no calendário do turismo religioso do Estado.
Desde o ano passado, a festa católica faz parte do Calendário de Eventos do Estado, destacando o turismo religioso como um dos segmentos prioritários para colocar o Paraná no mapa turístico nacional. “O Estado tem um potencial gigante a ser explorado, onde se destacam as rotas da fé. A tradição do Corpus Christi, tão arraigada na cultura brasileira, também pode ser vista como uma atração à parte nas opções turísticas do Paraná”, diz o governador Carlos Massa Ratinho Junior.
CURITIBA – Em cada cidade, há uma organização para a confecção dos tapetes coloridos. Em Curitiba, por exemplo, todas as paróquias se reúnem no Centro Cívico para fazerem o tapete que chega a ter quase dois quilômetros de comprimento. Em Londrina e Maringá, no Norte e Noroeste do Estado, cada igreja promove sua própria procissão.
Para o arquiteto e doutorando em Teologia Henry Belchior da Cunha, diácono permanente da Arquidiocese de Curitiba e professor do curso de Arquitetura da PUC-PR, a simbologia e o colorido dos tapetes carregam mais que uma tradição secular e trazem, também, novas percepções de como olhar para a cidade. “Esta é a única vez no calendário litúrgico que o Jesus Eucarístico caminha pelas ruas. A intervenção que é feita para essa passagem quebra o ritmo do concreto e todo o peso da cidade e traz uma nova estética, uma renovação feita pela comunidade”, explica.
Símbolos como a hóstia, pão, cálice, o Espírito Santo, peixes e os santos da Igreja Católica estão entre os principais desenhos retratados nos tapetes de Corpus Christi. São os próprios fiéis os responsáveis pela confecção, um trabalho que traz uma forte interação social entre as pessoas. “Quem faz o tapete não tem, necessariamente, uma expertise estética, mas o resultado tem um forte apelo visual, com cores e desenhos que lembram a arte naif”, afirma o diácono.
PROCISSÕES – Centenas de pessoas se comprometem com a confecção do tapete em Curitiba, que se estende pela Avenida Cândido de Abreu e pela Rua Barão do Serro Azul, desde a Catedral até a Praça Nossa Senhora da Salette, no Centro Cívico.
A celebração começa pela manhã, com festividades e momentos de oração na praça, onde também haverá uma feira gastronômica. A missa na Catedral, presidida pelo arcebispo dom José Antônio Peruzzo, começa às 14h. Os fiéis vêm em procissão até o Centro Cívico, onde a cerimônia se encerra com um show com o padre Reginaldo Manzotti. No ano passado, mais de 100 mil pessoas participaram das festividades.