O Sistema FAEP repudia a decisão do governo federal de remanejar parte do orçamento de 2025 para o Movimento dos Trabalhadores Rurais dos Sem Terra (MST). O Ministério do Planejamento vai destinar o valor de R$ 750 milhões para duas ações envolvendo o MST: aquisição de alimentos da agricultura familiar e Fundo de Terras e da Reforma Agrária.
“Essa medida é descabida, ainda mais envolvendo um movimento responsável por invasões de terras. No Paraná temos inúmeros exemplos de atos violentos, que levaram insegurança jurídica aos nossos produtores rurais”, destaca o presidente interino do Sistema FAEP, Ágide Eduardo Meneguette. “No momento, estamos pedindo recursos para o Plano Safra 2025/26, permitindo que os pequenos, médios e grandes agricultores e pecuaristas possam planejar a próxima temporada. Esse valor de R$ 750 milhões poderia, por exemplo, se destinado ao seguro rural”, complementa.
Nos últimos anos, somente no Paraná, o MST realizou inúmeras invasões de terras. Em 2014, cinco mil pessoas ligadas ao movimento invadiram áreas produtivas da fazenda Araupel, em Quedas do Iguaçu, na região Centro-Oeste. No ano seguinte, cerca de 1,4 mil integrantes do MST tomaram a Fazenda Figueira, em Londrina, onde existia um centro de pesquisas da Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz (FEALQ). No mesmo ano, integrantes invadiram a Fazenda Capão do Cipó, em Castro, nos Campos Gerais, utilizada há mais de 30 anos pela Fundação ABC. Em 2023, integrantes do movimento interditaram a rodovia PR-170, na região de Guarapuava, agrediram e fizeram reféns dois policiais militares, que estiveram no local para negociar a liberação da estrada.
“Os produtores rurais não suportam mais conviver com invasões e insegurança jurídica. O Sistema FAEP, como representante de milhares de agricultores e pecuaristas, entende que o governo federal precisa, urgentemente, abrir um canal de diálogo e olhar para o setor agropecuário, que gera renda, empregos e contribui para o crescimento da economia do país”, afirma Meneguette.
A decisão do governo federal ocorre após o presidente Lula visitar, pela primeira vez no atual mandato, um assentamento do MST. No total, quase R$ 40 bilhões serão remanejados no orçamento de 2025 para contemplar novas prioridades, como o caso do MST. Para isso, indicou cortes em outros programas, por exemplo, no Bolsa Família, que teve redução de R$ 7,7 bilhões. A expectativa no Congresso é de que o Orçamento Geral da União de 2025 comece a ser votado na próxima terça-feira (18).