O setor de eventos está parado há mais de 100 dias e sem perspectiva de retomar as suas atividades no Paraná devido à pandemia da Covid-19. Ao contrário de outras atividades, como restaurantes e shoppings, as empresas que atuam no ramo necessitam de mais tempo para voltar a operar. “Pedimos ao governo do estado uma orientação de quando se pode abrir e que fizesse um protocolo do nosso setor com uma data futura para termos uma luz no fim do túnel para os clientes. Ninguém planeja eventos em menos de dois ou três meses”, explica o presidente do Núcleo do Setor de Eventos da Associação de Bares e Restaurantes do Paraná (Abrasel – PR), Júlio César Hezel.
O Núcleo, criado recentemente na entidade, visa, justamente, fazer a interlocução do segmento com os poderes executivo e legislativo. “Nós já começamos a conversar com o governo estadual e com a Assembleia Legislativa. Já passamos um protocolo para ser discutido com o poder público para que o governo nos posicione. Esse protocolo foi baseado em serviços similares, como o de restaurantes e de shoppings, que estão em funcionamento ou conseguiram atuar de outras formas”, explica Hezel.
Em 2019, de acordo com a Associação Brasileira de Eventos Sociais (ABRAFESTA), os eventos corporativos faturaram R$ 220 bilhões e os sociais, R$ 15 bilhões em todo o Brasil. Estima-se que o Paraná responda por aproximadamente 7% dos eventos sociais do país (perto de R$ 1 bilhão de faturamento), e 4,5% dos eventos corporativos (próximo a R$ 10 bilhões). No total, conforme a Associação Brasileira de Empresas e Eventos (Abeoc), o setor empregava aproximadamente 1,9 milhão de pessoas até o início da pandemia. As estimativas do setor são de que, para uma festa com 100 convidados, aproximadamente o mesmo número de pessoas vai se envolver em todo o processo, considerando desde a organização até o encerramento do evento.
52 tipos de profissionais envolvidos
De acordo com Hezel, tanto os eventos corporativos quanto os sociais movimentam uma gama de profissionais liberais, que, no momento, estão sofrendo com a inatividade em decorrência da pandemia. As estimativas são de que ao menos 52 tipos de profissionais se envolvem nesse tipo de atividade, dos produtores aos decoradores, da locação de mobiliário ao fotógrafo, passando pelos seguranças, garçons, manobristas e músicos. “O que fazemos com eles? Precisaremos segurar por pelo menos mais 60 dias para voltar a trabalhar”, conta.
Muitas das empresas do segmento adotaram o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, que permitia suspender contratos por 60 dias em caso de suspensão e 90 dias para jornadas reduzidas. “Mas nós não temos a menor ideia de quando vamos voltar. Em Curitiba, os eventos contratados entraram em pânico pelo abre-e-fecha recente promovido pela prefeitura e temos datas de novembro e dezembro sendo canceladas. Se o poder público der a autorização para trabalhar em 1º de agosto, vamos começar a atuar, de fato, em janeiro. O poder público em Curitiba não sabe se daqui a 30 dias estaremos em lockdown, em bandeira amarela ou verde”, reclama.
Antes da Covid-19, as projeções para 2020 eram positivas, de acordo com a Abeoc. Em faturamento, o crescimento projetado seria de 6,5%, com o aumento de 4,4% no total de pessoas empregadas. Para sobreviver ao momento difícil, Hezel diz que há necessidade de linhas de crédito diretas para o setor a fundo perdido. “Não adianta trabalhar com carência, porque os eventos estão sendo cancelados ou transferidos. Não vai ter faturamento dobrado em 2021”, diz. “Caso contrário, pode ser a falência de 80% do setor”, completa Júlio César Hezel.