A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Curitiba divulgou um alerta com o objetivo de identificar um homem que entregou um morcego a um guarda municipal, na Rua da Cidadania do Pinheirinho, no último domingo (30/1). Segundo relato do homem, o animal foi encontrado morto próximo à quadra esportiva do local.
Exames feitos no morcego indicaram que ele estava infectado pelo vírus da raiva. Por isso, é necessário que a pessoa que encontrou o animal procure imediatamente uma Unidade de Pronto Atendimento.
“A pessoa será avaliada, e caso ela tenha tido contato direto com o animal, vai precisar iniciar a profilaxia, com vacina anti-rábica”, orienta o epidemiologista do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, Diego Spinoza.
“O ideal é que a pessoa busque esse atendimento o quanto antes, porque, se for necessário realizar a profilaxia, a eficácia é maior se iniciada, no máximo, até uma semana após o contato com o morcego”, explica.
A raiva é uma doença grave de alta mortalidade, que atinge todos os mamíferos, incluindo os seres humanos, animais domésticos e silvestres. Curitiba não registra casos de raiva humana e/ou canina há mais de 30 anos, mas em 2010 um gato pegou a doença depois de ter contato com um morcego.
Por isso, é muito importante que a população se mantenha atenta e, em caso de contato sem proteção com morcegos, procure o quanto antes uma unidade de saúde.
Morcegos
Embora possam albergar o vírus da raiva e infectar as pessoas, todos os morcegos são extremamente importantes, pois contribuem no controle de insetos, disseminando as sementes, polinizando muitas espécies vegetais nos parques e praças de Curitiba. Além disso, os morcegos fazem parte da cadeia alimentar de predadores como corujas, algumas cobras e gaviões.
O morcego encontrado na Rua da Cidadania do Pinheirinho era da família Vespertilionidae, gênero Eptesicus, macho, com lesões nas “asas” (rasgadas, perfuradas). Todos os morcegos têm hábitos noturnos, ou seja, saem para se alimentar à noite e são raramente encontrados de dia ou no chão.
Porém, quando estão infectados com o vírus da raiva, podem mudar seu comportamento e voar ou serem encontrados de dia. Nunca se deve tocar diretamente num morcego encontrado nestas condições, mesmo que esteja morto.
O que fazer
Ao encontrar um morcego em situação incomum (caído no chão, dentro de casa, caçado por cão e gato, entre outros), a indicação é isolar o local onde o animal foi encontrado ou contê-lo com um balde, caso esteja no chão.
Em seguida, recomenda-se registrar a solicitação de remoção pelo telefone 156 – inclusive finais de semana e feriados – e aguardar o contato de um técnico da Unidade de Vigilância em Zoonoses (UVZ) da SMS.
“Aconselhamos que a pessoa não tente capturar o morcego e de forma alguma toque no animal”, orienta a coordenadora da UVZ, Ana Paula Poleto.
Uma equipe UVZ vai até o local, faz a remoção do morcego, a vacinação de cães e gatos que possam ter tido contato e dá orientações. Em seguida, o morcego é encaminhado para exame.
A medida faz parte do trabalho preventivo de rotina da UVZ, que também monitora cães e gatos suspeitos, quando notificados por profissionais veterinários. “As ações da UVZ aliadas à colaboração da população, são fundamentais para manter a doença sob controle”, diz Ana Paula.
Vacina
Para os tutores de cães e gatos, a orientação é mantê-los vacinados contra a raiva. A vacina deve ser feita anualmente. Cães e gatos têm hábitos de caça e, eventualmente, podem entrar em contato com morcegos contaminados.
“Mesmo animais que não tenham acesso às ruas devem ser vacinados, uma vez que os morcegos podem entrar nas casas e apartamentos e os animais por instinto de caça entrar em contato”, orienta Ana Paula.
Além das clínicas particulares, a vacina para os animais de estimação pode ser feita na sede da UVZ, na Rua Lodovico Kaminski, 1.381, CIC – Caiuá, de segunda a sexta-feira, das 8h às 11h30 e das 13h às 16h30. É preciso, entretanto, ligar antes para agendar pelo telefone (41) 3314-5210.
Para humanos, não há indicação de vacinação prévia, com exceção dos profissionais que trabalham na área e com manejo de animais, conforme avaliação caso a caso feita pelo Centro de Epidemiologia da SMS, baseada nos protocolos do Ministério da Saúde