Rodrigo Janot, ex-procurador geral da República que no segundo turno da eleição presidencial de 2018, surpreendeu ao declarar apoio ao candidato do PT, Fernando Haddad, contra o candidato Jair Bolsonaro, chocou a todos ao confessar a intenção de matar o ministro Gilmar Mendes.
O procurador-geral e o ministro habitualmente se ofendiam em público. Mendes chegou a se referir a Janot como bêbado e irresponsável. O ex-procurador costuma chamar Mendes de perverso e dissimulado.
“Ia dar um tiro e me suicidar”, disse Janot em entrevista a VEJA. Em seu livro, a ser lançado na próxima semana, Janot fala de sua motivação — “insinuações maldosas contra a minha filha” — e resume em seis linhas o fato que poderia ter provocado uma imprevisível reviravolta na Lava-Jato: “num dos momentos de dor aguda, de ira cega, botei uma pistola carregada na cintura e por muito pouco não descarreguei na cabeça de uma autoridade de língua ferina que, em meio àquela algaravia orquestrada pelos investigados, resolvera fazer graça com minha filha”.
Janot também afirmou que tentou mudar a arma de mão quando não conseguiu atirar com a destra. “Esse ministro costuma chegar atrasado às sessões. Quando cheguei à antessala do plenário, para minha surpresa, ele já estava lá. Não pensei duas vezes. Tirei a minha pistola da cintura, engatilhei, mantive-a encostada à perna e fui para cima dele. Mas algo estranho aconteceu. Quando procurei o gatilho, meu dedo indicador ficou paralisado. Eu sou destro. Mudei de mão. Tentei posicionar a pistola na mão esquerda, mas meu dedo paralisou de novo. Nesse momento, eu estava a menos de dois metros dele. Não erro um tiro nessa distância. Pensei: ‘Isso é um sinal’. Acho que ele nem percebeu que esteve perto da morte”, lembra.
O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), chamou nesta sexta (27) o ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot de “potencial facínora” e defendeu mudanças no sistema de escolha de ocupantes do cargo.