A redução do isolamento domiciliar tem contribuído para aumentar a ocupação dos leitos de UTIs nos hospitais de Curitiba, principalmente por vítimas de acidentes de trânsito, comprometendo ainda mais o cenário da covid-19.
Nesta segunda-feira (15/6), nos seis prontos-socorros da capital e da Região Metropolitana, havia 86 pacientes e outros 14 aguardando leitos de UTI. O dado é do Departamento de Urgência e Emergência da Secretaria Municipal da Saúde de Curitiba, que acompanha diariamente a movimentação de pacientes nos prontos-socorros dos hospitais do Trabalhador, Cajuru, Evangélico, Angelina Caron, São José dos Pinhais e Municipal de Araucária.
O sistema também demonstra que em abril, período de maior isolamento social, as UTIs dos prontos-socorros estavam menos movimentadas. Em abril, a lotação máxima das UTIs nesses hospitais foi por uma média de 12 dias. Em maio, as UTIs ficaram lotadas por quase 30 dias e o mesmo vem acontecendo em junho.
“A covid-19 consome vagas de UTIs em ritmo acelerado, podendo levar ao colapso do atendimento não apenas para o novo coronavírus, mas também para pacientes com outras situações de urgência” explica a secretaria municipal da Saúde, Márcia Huçulak.
Na última semana, o número de moradores de Curitiba contaminados por covid-19 triplicou e o de mortes quase dobrou. A piora nos indicadores levou a Secretaria Municipal da Saúde a decretar a proibição de algumas atividades, como bares e casas noturnas, na tentativa de aumentar o isolamento e diminuir a circulação do vírus para que nem todos adoeçam ao mesmo tempo e sobrecarreguem UTIs e serviços hospitalares.
Até sábado, 168 pessoas estavam internadas nas UTI do SUS exclusivas para covid-19, o que corresponde a 74% das vagas.
“As pessoas pensam unicamente na covid, mas precisam entender que se a situação se agravar, como nas últimas duas semanas, precisaremos requisitar outros leitos. Aí faltará UTI para o entregador de pizza que se acidentar, para o cardíaco que enfartar e outros pacientes que não são vítimas da covid, mas que indiretamente serão afetadas por ela”, alerta Márcia.