A BR-277, no quilômetro 111, em Campo Largo, Região Metropolitana de Curitiba, está completamente interditada no sentido Ponta Grossa devido a uma manifestação indígena. O protesto, liderado por indígenas das etnias Guarani, Kaingang e Xokleng, chama atenção para diversas questões críticas, desde a falta de resposta adequada às enchentes no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina até crises climáticas e o plano safra recentemente anunciado.
Os manifestantes não estão sozinhos em suas ações. Diversas rodovias pelo país, inclusive em Brasília, no acampamento Terra Livre, estão sendo fechadas em solidariedade ao movimento. O líder indígena e secretário executivo da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Cacique Kretan Kaingang, destacou a expansão da indústria do petróleo e do carvão mineral sobre territórios indígenas e quilombolas como uma das principais preocupações, alertando para os impactos devastadores que essa expansão pode causar sobre suas terras ancestrais e modos de vida.
A situação é agravada pela migração forçada de 1.618 indígenas do Rio Grande do Sul para o Paraná, em busca de melhores condições de acolhimento. Esses grupos estão distribuídos em vários acampamentos e enfrentam sérias condições de saúde e desnutrição, sem a assistência necessária dos governos estadual do Rio Grande do Sul e federal. As comunidades denunciam a falta de medidas eficazes para enfrentar as crises humanitárias e ambientais que assolam suas terras, destacando a necessidade urgente de políticas públicas mais eficazes e inclusivas.
A interdição da BR-277 é mais do que um simples bloqueio de estrada; é um grito de socorro e um pedido de atenção para questões que têm sido historicamente negligenciadas. Os protestos refletem a luta contínua dos povos indígenas para proteger seus direitos, suas terras e seu modo de vida, desafiando a sociedade a olhar para além dos problemas imediatos e considerar as raízes profundas dessas crises.
Em um momento de crescente conscientização sobre as questões climáticas e sociais, a mobilização dos indígenas destaca a interconexão entre a proteção ambiental e os direitos humanos. A resposta a essas demandas não pode ser adiada, pois os efeitos das mudanças climáticas e das políticas de exploração de recursos naturais têm um impacto direto e severo nas comunidades mais vulneráveis.
O protesto na BR-277 é um lembrete contundente da resistência e resiliência dos povos indígenas do Brasil, que continuam a lutar por justiça e dignidade em meio a adversidades. A sociedade e os governantes são chamados a ouvir e agir, reconhecendo a importância de proteger não apenas as terras indígenas, mas também a herança cultural e os direitos fundamentais desses povos.