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Porque 2020 foi o ano da Sustentabilidade – Por Gustavo Loiola

XV Curitiba
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Green energy innovation light bulb with future industry of power generation icon graphic interface. Concept of sustainability development by alternative energy.

2020 foi um ano que nenhum de nós irá esquecer tão cedo. A pandemia do Coronavirus atingiu a humanidade de forma extrema, impactando países, nações e a sociedade como um todo. Ainda é difícil calcular os danos gerados por tudo isso, mas sabemos que irá reverberar por algum tempo. Por outro lado, é inegável o papel que essa situação teve em impulsionar uma grande transformação, tanto em nível individual quanto no ambiente organizacional.

Ainda em janeiro, quando a Covid-19 não era uma realidade de nível global, o ano começou com uma grande discussão no Forum Econômico Mundial, em Davos. O debate, que reuniu CEOs de grandes empresas do mundo todo, propôs uma reformulação no capitalismo, transcendendo o interesse dos acionistas e englobando também os stakeholders, que são todos os grupos impactados direta ou indiretamente pelas práticas da empresa – incluindo o planeta.

O recado foi dado e ouvido. Além de mudar a forma de se fazer negócios, esse novo conceito de capitalismo chama as empresas para assumir responsabilidade perante a sociedade, um novo tipo de contrato social. Vimos isso acontecendo fortemente no ano passado, onde grandes empresas se tornaram agentes de transformação na realidade de muita gente, se engajando em projetos e iniciativas sociais e desenvolvendo formas de lidar com os impactos socioeconômicos causados pela situação.

No primeiro semestre de 2020, um estudo realizado pela agência global Edelman identificou que 96% dos entrevistados esperam que marcas se juntem aos diferentes setores e governos para solucionar a crise desencadeada pela Covid-19, além de grande parte esperar que as empresas protejam a segurança e o o bem estar de seus fornecedores e colaboradores – mesmo que tenham que abdicar de grandes marcas financeiras durante esse período. Hoje vemos o resultado. Recentemente, em pesquisa conduzida pela TM20 e Brazil Panels, foi constatado que empresas como Natura, Itaú, MagazineLuiza e Ambev estão no topo da lembrança dos entrevistados como marcas que mais causaram impacto positivo na sociedade durante a pandemia.

O Movimento Black Lives Matter também inspirou muitas mudanças. Nos quatro cantos do planeta, pessoas foram às ruas para se manifestar contra o racismo e ampliar as discussões acerca do que conhecemos como racismo estrutural. Isso foi muito importante para alavancar as pautas de diversidade dentro das empresas, não só a racial, mas também de gênero, idade, religião e opção sexual.

Outro tema que ganhou força foi o ESG (Meio ambiente, social e governança), especialmente no mercado financeiro. Apesar de não ser um conceito novo, em 2020 a sustentabilidade liderou as discusões no ambiente corporativo. Grandes gestoras de ativos, como a BlackRock, anunciaram publicamente compromissos em rever suas políticas de investimentos, e a brasileira XP criou uma área de "sustainable wealth” para integrar o tema à gestão de patrimônio dos clientes. O processo de integração do ESG possibilita olhar à empresa de forma integrada e holística, avaliando os aspectos econômicos e financeiros, sem descartar as questões sociais, éticas e sustentáveis.

Impactando de forma transversal as discussões sobre o tema de sustentabilidade está também a emblemática eleição de Joe Biden, nos Estados Unidos. Com uma meta ambiciosa de zerar as emissões líquidas de carbono do país até 2050, o presidente eleito promete retomar a participação no Acordo de Paris e clamar o papel de protagonista nessas discussões. Isso impacta a economia de forma global, além de estimular uma transição verde de todo o ambiente corporativo. O esforço multilateral para a preservação ambiental deve gerar novas oportunidades – inclusive no Brasil – impulsionadas pela inovação e uma economia mais verde e inclusiva.

A história da humanidade nos ensina que os momentos de grandes crises também são momentos de renascimento nas artes e no pensamento. No século XXI, isso aponta para uma nova era de inovação, crescimento e aprimoramento da inovação a serviço dos desafios sociais e ambientais. 2020 foi um ano difícil, triste e complicado, porém também nos apresentou uma oportunidade de reflexão e reinvenção. Adaptabilidade é a palavra chave.

*Gustavo Loiola é Mestre em Governança e Sustentabilidade, coordenador de Relações Internacionais no ISAE/FGV e Chair do PRME (Principles for Responsible Management Education) para América Latina e Caribe.

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