A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira (05/05) a ‘Operação ONG BAK’, que visa à responsabilização criminal de traficantes de drogas pelo aliciamento de dois homens e uma mulher que embarcaram em Curitiba (PR) e foram presos no Aeroporto Internacional de Suvarnabhumi, em Bangkok, na Tailândia, no dia 13/2/2022, quando tentavam entrar naquele país com 15,5 quilos de cocaína em suas bagagens.
São cumpridos nesta data dois mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva, expedidos pela 9ª Vara da Justiça Federal em Curitiba. As medidas judiciais visam a prisão de uma mulher, responsável pelo aliciamento dos transportadores das drogas ilícitas e a obtenção de mais provas sobre o seu tráfico para o exterior.
As investigações, que se iniciaram logo após a prisão dos brasileiros, apontaram que os dois homens já haviam viajado para o exterior, antes do período da pandemia de COVID-19, em situações que denotam que estariam transportando drogas.
A Polícia Federal examina, ainda, a possibilidade de requerer à Justiça Federal a extradição dos presos na Tailândia, para que respondam pelos crimes praticados no Brasil.
Os investigados responderão pelos crimes de tráfico internacional de drogas e associação criminosa para o tráfico, cujas penas somadas podem alcançar 25 anos de reclusão.
Presa há quase três meses
A jovem de Pouso Alegre, no Sul de Minas, Mary Hellen Coelho Silva, de 22 anos, foi detida ao chegar no aeroporto da capital tailandesa, em 13 de fevereiro. A jovem de Minas Gerais estava acompanhada com um rapaz, de 27 anos, que é paranaense. Os dois embarcaram no aeroporto de Curitiba.
Conforme comunicados das autoridades do país asiático, o sistema de Raio-x mostrou que nas três malas usadas pelo casal havia cerca de nove quilos de cocaína. Um terceiro brasileiro, de 24 anos, também foi preso no mesmo dia em Bangkok, com mais seis quilos de cocaína. Ele estava em outro voo, que também tinha saído de Curitiba.
Mary Hellen fez contato por carta
Até o momento, o contato de Mary Hellen com a família foi por meio de uma carta, escrita em inglês por uma terceira pessoa. A correspondência chegou no início desse mês no Brasil. Mary Hellen fala da saudade da família, que lembra de todos que estão no Brasil, que às vezes não consegue dormir. Ela ainda agradece aos amigos e familiares que tentam ajuda-la.
“Eu estou pensando muito no meu caso. Eu não conseguia dormir de noite porque me preocupo muito. Obrigada por se lembrarem de mim e agradeço aos meus amigos por tentarem me ajudar com os advogados. Eu vou cuidar de mim. Tenho aqui dois amigos para me ajudarem. Eu estou muito melhor agora, espero ver vocês o mais rápido possível”, diz um trecho.
“Manda um beijo ao meu avô e para minha avó. Lembro de todos vocês no Brasil. Mãe, eu amo você tanto e espero que você melhore logo. Um grande obrigado a todos do Brasil por me ajudarem. Estou muito feliz agora. Espero que minha família e todos os amigos me respondam. Me faz sentir muito feliz e sorrir todo dia. Vou sonhar com vocês todas as noites”, completa.
De acordo com os advogados, as cartas entre a jovem e os familiares estão sendo trocadas porque a superlotação nas prisões da Tailândia e a pandemia de Covid-19 estão dificultando a realização de chamadas de vídeo. Não há ainda informações de quem escreveu a carta para a jovem, mas possivelmente, segundo os advogados, é algum funcionário da penitenciária que ajuda os presos.