Com a intensificação das frentes frias neste início de inverno, o litoral do Paraná tem registrado um aumento no número de encalhes de pinguins-de-Magalhães (Spheniscus magellanicus). A espécie migratória, originária da Patagônia Argentina, realiza todos os anos um deslocamento em direção ao norte do hemisfério em busca de alimento e águas mais quentes.
O primeiro registro de encalhe em 2025 foi feito no dia 25 de junho, em Matinhos, no balneário Gaivotas, durante monitoramento realizado pelo Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos (PMP-BS). Desde então, a situação se agravou. Somente no último final de semana, 11 pinguins foram resgatados com vida pela equipe do Laboratório de Ecologia e Conservação (LEC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), que coordena o projeto no estado. Além dos vivos, mais de 20 pinguins mortos também foram encontrados em diferentes pontos do litoral, incluindo ilhas da região.
Os animais encontrados com vida apresentavam sinais de debilidade e exaustão. Já os que não resistiram apresentavam, em sua maioria, marcas que sugerem interação com atividades de pesca, uma das causas mais recorrentes de mortalidade.
Segundo a pesquisadora Camila Domit, coordenadora do PMP-BS/LEC-UFPR, o fenômeno é recorrente na costa paranaense durante os meses de inverno, especialmente entre junho e setembro, quando aves juvenis em migração podem se desorientar e encalhar. “Estamos em uma importante rota migratória, e é comum observar o encalhe de pinguins e outras espécies migradoras. Mesmo sendo uma ocorrência sazonal, o estado clínico dos animais demanda atenção, pois muitos chegam em condição crítica e necessitam de suporte imediato”, destacou. Domit também ressalta que as interações negativas entre fauna marinha e pesca são uma preocupação que exige ações integradas entre pescadores, governo e cientistas para garantir o bem-estar dos animais e a sustentabilidade da atividade pesqueira.
Reabilitação especializada
Os pinguins encontrados vivos são levados ao Centro de Reabilitação, Despetrolização e Análise da Saúde da Fauna Marinha (CReD), da UFPR, onde passam por atendimento clínico e laboratorial e recebem cuidados intensivos até que estejam prontos para retornar ao habitat. Segundo o veterinário Fabio Henrique de Lima, responsável técnico do PMP-BS/LEC-UFPR, o protocolo de atendimento segue diretrizes da Rede Brasileira de Atendimento a Encalhes e Informação de Pinguins (REPIN).
“O atendimento é baseado em triagem clínica, avaliação nutricional, hidratação, dieta específica, controle da temperatura corporal e acompanhamento diário. Todo o processo é registrado no Sistema de Informação de Monitoramento da Biota Aquática (SIMBA), contribuindo para pesquisas e conservação da espécie”, explicou.
Apoio da comunidade é essencial
Com a previsão de aumento no número de encalhes nas próximas semanas, a equipe do LEC-UFPR reforça a importância da participação da população na conservação marinha. A orientação é para que as pessoas evitem qualquer tipo de contato com os animais e informem imediatamente os profissionais responsáveis.
“Embora sejam animais carismáticos, o manejo incorreto pode agravar ainda mais o estado de saúde dos pinguins. O processo migratório já causa estresse, e qualquer interferência humana pode comprometer sua recuperação”, alertou Liana Rosa, gerente operacional do PMP-BS/UFPR.
O que fazer ao encontrar um pinguim?
O PMP-BS orienta que, ao encontrar um pinguim ou outro animal marinho encalhado:
– Não toque, manipule ou tente devolvê-lo ao mar;
– Mantenha distância e afaste animais domésticos;
– Acione imediatamente a equipe do PMP-BS.
Telefones para contato no Paraná:
📞 0800 642 3341
📱 (41) 99213-8746
O registro e o atendimento adequado desses animais contribuem para a ciência, a conservação da biodiversidade e o equilíbrio dos ecossistemas marinhos.
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