Pesquisa revela correlação entre alta de poluição e aumento de internações em Curitiba

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Foto: Daniel Castellano / SMCS

Estudo apresentado por integrantes do NAPI-EC na Europa aponta que efeitos da poluição do ar podem impactar a saúde da população com até um mês de atraso

Um estudo em andamento na Universidade Federal do Paraná (UFPR) mostra que picos de poluição do ar em Curitiba estão ligados ao aumento de internações hospitalares, com um intervalo de cerca de um mês. A análise preliminar aponta que os efeitos mais graves da poluição na saúde da população se manifestam semanas após a exposição, indicando uma relação direta entre qualidade do ar e saúde pública.

A pesquisa, conduzida por Ana Flávia Godoi, Ricardo H. M. Godoi, Camila Carpenedo e Felipe Baglioli — integrantes do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação em Emergência Climática (NAPI-EC) da UFPR — foca na capital paranaense e reuniu dados climáticos, de poluição do ar e de internações hospitalares para analisar como as condições ambientais afetam a saúde pública. O estudo foi apresentado recentemente no congresso da European Geosciences Union 2025, em Viena.

Foram utilizados dados históricos da estação meteorológica do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) no campus Jardim Botânico da UFPR, séries de material particulado (PM10 e PM2,5) medidos desde 2020, e registros de internações do sistema Datasus, também a partir de 2020. As partículas finas de poeira, presentes na fumaça, neblina e no ar em geral, podem ser visíveis ou microscópicas. Quando inaladas, essas partículas entram no organismo e podem causar irritações respiratórias no curto prazo e, a longo prazo, doenças cardíacas e insuficiência pulmonar.

“Esse padrão nos mostra que podemos ter um impacto sinérgico entre a poluição e as ondas de calor. Uma pessoa fragilizada por uma onda de calor pode, duas semanas depois, ser exposta a um pico de poluição e sofrer um agravamento de seu estado de saúde”, alerta Felipe Baglioli, doutorando em Engenharia Ambiental e coautor do estudo.

O grupo planeja aprofundar a pesquisa com dados diários e desenvolver um sistema de alerta precoce para informar a população sobre riscos de exposição em períodos críticos, em parceria com a Defesa Civil. Além disso, está prevista a aplicação de redes neurais para melhorar a análise das correlações entre clima, poluição e saúde.

 

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