Geograficamente, Curitiba fica a mais de 18 mil quilômetros do Japão. Culturalmente, a Terra do Sol Nascente é aqui do lado.
No mês em que a cidade recebe a exposição da artista japonesa Tomie Ohtake e comemora os 110 anos da Imigração Japonesa no Brasil, o Olhar Curitiba destaca a beleza do nascimento das flores de cerejeiras.
E, como Curitiba é terra de muitas gentes, ao lado das cerejeiras estão nossos ipês, parte da flora nativa paranaense, numa mistura que transforma o visual com um colorido muito especial em muitas ruas da capital.
Transoceânico
As primeiras mudas de cerejeiras fizeram uma jornada transoceânica vindo do Oriente. Como presente do Imperador e da Imperatriz do Japão, há mais de 20 anos, elas foram tratadas e ambientadas em Curitiba, durante a primeira gestão do prefeito Rafael Greca.
No Horto Municipal, as flores foram aclimatadas, sendo primeiramente plantadas na XV de Novembro, na Praça do Japão e no Jardim Botânico. Depois disso, elas se espalharam pela cidade.
Em 1994, as cerejeiras passaram a incorporar a arborização das praças.
Costume japonês
O visual inspira o que os japoneses chamam de “hanami”, um costume tradicional japonês de contemplar a beleza das flores.
No Japão, a florada das cerejeiras marca o inicio da primavera, época que milhares de moradores locais e turistas vão até os parques admirarem as flores. A palavra “hanami” pode ser traduzida como “contemplar as flores”, já que “hana” significa “flor” e “mi” é o verbo “ver, olhar”.
Na tradição japonesa, esse costume está relacionado à brevidade da vida – e influenciava até quem trabalhava em meio à violência. Os samurais, antigos soldados japoneses, eram conhecedores das cerejeiras. Mesmo com a vida violenta que levavam, esses guerreiros sabiam da importância de parar e contemplar a natureza e agradecer a vida nesta época do ano.
Tradição curitibana
Os japoneses têm uma ligação especial com as cerejeiras, os curitibanos, com os ipês, cuja florada roxa já pode ser vista pela cidade, deixando as copas cheias de cor e vida.
Os ipês costumam perder todas as folhas transformando-se num grande buquê. Eles estão espalhados em vários parques, praças e ruas da cidade.
Na versão amarelo, um ícone curitibano, o ipê flore mais para o final do inverno.
Enquanto o amarelo não chega, confira a mistura de roxos das cerejeiras e ipês nesta série de imagens captadas pelos fotógrafos Daniel Castellano e Luis Costa.