O avanço avassalador da pandemia do novo coronavírus afetou a vida social de toda a população mundial de forma abrupta e turbulenta. Hábitos comuns que antes eram tomados como normais e corriqueiros se transformaram em ameaças a vida promovendo mudanças drásticas nas relações interpessoais e também de consumo. Em um contexto sem precedentes, a restrição de locomoção e interação física gerou novas demandas e a necessidade de soluções diferenciadas que acabaram pautadas quase que integralmente em serviços remotos digitais.
Segundo uma pesquisa realizada pela Innovative Business Intrelligence, as horas gastas em aplicativos “on demand” aumentaram em 79%, assim como os downloads de jogos para celular no android e no iOS que cresceram cerca de 25%. O aplicativo Tik Tok, rede social de compartilhamento de vídeos, bateu 1 milhão de usuários, enquanto o termo “skin care” aumentou cerca de 60% nas buscas do Google, o que mostra que o novo cenário resultou na urgência de buscar formas online de compras e entretenimento. “O consumo não para, ele se adapta. A crise atual gerada pela disseminação da COVID-19 não é uma crise de escassez de recursos e sim uma crise de dificuldade e falta de acesso a esses recursos”, afirma o especialista em gestão estratégica e coordenador do programa de inovação no ISAE Escola de Negócios, Thiago Martins Diogo.
As mudanças de hábito intensificaram o consumo via internet e fizeram com que o comportamento crescente deste canal de venda, que já vinha registrando aumento gradativo na última década, deixasse o status de tendência para os próximos anos e se tornasse uma necessidade indispensável impulsionando uma adaptação acelerada dos empreendedores e fornecedores ao conceito online e a qualidade destas novas experiências de compra. “Diversos setores da economia foram impactados e os canais de relacionamento e conexão com o público precisaram ser revistos, com isso percebemos um comportamento de consumo por necessidade e também por identificação”, aponta o especialista.
Como resultado do distanciamento social e digitalização inevitável do comércio, alguns segmentos ganharam novas perspectivas por parte dos consumidores. “Os mercados onde o consumo com presença física representava a maior parte do faturamento e relacionamento com o cliente foram sem dúvida os mais afetados. Entretanto, a necessidade de se adaptar para oferecer seus serviços de forma online, fez com que setores como o de vestuário e alimentação, ganhassem o potencial de venda remota que antes não era aproveitado por parte do público, principalmente na modalidade delivery”, afirma Thiago Martins Diogo. “Além disso pequenos negócios locais ganharam força neste cenário. Empresas de alimentação em torno de conglomerados habitacionais e de bairro, como pizzarias, restaurantes e lanches diversos tem ampliado sua receita em função da demanda existente por alimentação em casa”, completa o profissional.