O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), encaminhou ao Conselho de Ética uma representação contra o deputado federal Sargento Fahur (PSD-PR). O parlamentar paranaense é acusado de quebra de decoro por declarações feitas durante reunião da Comissão de Segurança Pública, em 15 de julho, quando teria ameaçado agredir o deputado Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ). Na ocasião, Fahur mencionou a participação de Vieira no filme Marighella, no qual o deputado interpreta um padre, e afirmou: “Se tiver um filme em que o pastor apanha eu gostaria de ser o policial que bate”. A declaração levou à formalização do pedido de cassação.
O despacho assinado por Motta não se restringe ao caso de Fahur. No mesmo documento, foram enviados pedidos de cassação contra outros nove deputados, todos acusados de quebra de decoro parlamentar. Estão incluídos na lista Eduardo Bolsonaro (PL-SP), André Janones (Avante-MG), Gustavo Gayer (PL-GO), Lindbergh Farias (PT-RJ), Gilvan da Federal (PL-ES), delegado Éder Mauro (PL-PA), Guilherme Boulos (PSOL-SP), José Medeiros (PL-MT), Kim Kataguiri (União-SP) e Célia Xakriabá (PSOL-MG). As representações marcam um movimento de maior rigor do Conselho de Ética da Câmara, que tem sido acionado em casos de confrontos verbais, ameaças e declarações consideradas ofensivas entre parlamentares.
Em resposta à medida, Sargento Fahur minimizou o risco de cassação e disse acreditar que o processo resultará apenas em advertência ou arquivamento. Segundo ele, o presidente da Câmara estaria conduzindo a Casa “de forma ditatorial” ao adotar punições como suspensões temporárias de três a seis meses. “Eu não me vejo um deputado que sobe na tribuna medindo as palavras para não ser suspenso por 3 meses. Um absurdo”, declarou.
O envio da representação contra Fahur e outros parlamentares evidencia o aumento das tensões no ambiente político e o esforço da Mesa Diretora em impor limites aos discursos que ultrapassam os padrões de conduta previstos no regimento da Câmara. O Conselho de Ética deverá avaliar as denúncias e definir as penalidades cabíveis, que podem variar de advertência à cassação do mandato.






