Imagine um atleta que tem como objetivo principal ganhar uma medalha de ouro nas Olimpíadas de 2028. E então, ao invés de treinar para chegar ao pódio, ele resolve comprar a medalha de um atleta que já a conquistou em uma Olimpíada anterior. Parece um absurdo, não é? Esse é o princípio do net zero, termo atribuído a uma organização que tem o compromisso de manter suas emissões de carbono líquidas iguais a zero a partir da compensação do gás emitido.
“Ao declarar uma meta net zero, uma organização assume o compromisso de garantir que suas emissões líquidas de dióxido de carbono (CO2) sejam iguais a zero até uma determinada data. Mas isso não é a mesma coisa que dizer que a empresa não vai mais emitir carbono, e sim que ela vai compensar o carbono emitido de alguma forma”, explica Mariana Schuchovski, professora de Sustentabilidade do ISAE Escola de Negócios e Fundadora da Verde Floresta. Entre as possibilidades de compensação estão o investimento em restauração e plantio de florestas, projetos de geração de energia renovável, entre outras.
Contudo, segundo a especialista, o que mais temos visto são empresas declarando suas metas carbono neutro até 2030, ou até 2050, sem sequer um plano atrelado. “Antes de se tornar net zero, é necessário que a empresa compreenda a magnitude de suas emissões de gases de efeito estufa a partir de três passos fundamentais: realize o inventário e monitoramento de suas emissões e os seus impactos; analise como evitar ou ao menos reduzir suas emissões; empreenda esforços para a neutralização das emissões que não foram passíveis de prevenção e mitigação”, destaca.
O mesmo acontece para os pequenos negócios. “Quanto menor um negócio, em tese, menores serão seus impactos. Assim, micro empresas emitirão menores quantidades de carbono e outros gases de efeito estufa e, portanto, terão menores demandas de compensação caso queiram se tornar neutras. Mas o caminho a seguir precisa ser o mesmo, passando pelas três etapas citadas anteriormente”, afirma Schuchovski.
Não dá para alcançar a medalha de ouro sem treinar. Assim como não dá para ser net zero sem uma estratégia atrelada. “Os recursos naturais se tornarão cada vez mais escassos e caros, independentemente de uma compensação empresarial. Por isso, é preciso refletir: o quanto o seu negócio está preparado para as consequências das mudanças climáticas? Afinal, tornar-se net zero é só a ponta do iceberg, o que vai realmente fazer a diferença ao planeta é a maneira como as empresas enxergam a sustentabilidade”, finaliza a especialista do ISAE Escola de Negócios.