A pandemia da Covid-19 trouxe incalculáveis mudanças para os mais variados setores da sociedade. No Brasil, pesquisas mostram que a população está cada vez mais preocupada, por exemplo, com a saúde financeira, já que milhões de pessoas têm sofrido com os efeitos econômicos da pandemia. Apesar de, em 2020, segundo o Monitor de Tendências de Investimentos Globais da ONU, os investimentos internacionais no Brasil terem caído 62%, cresceu o número de brasileiros que buscam informações sobre como investir e “fazer o dinheiro render”, temas que ainda são considerados como um tabu para a classe média nacional.
Para o professor do ISAE Escola de Negócios, Pedro Salanek, ao contrário do que muitas pessoas podem pensar, para ser um investidor não é preciso apenas ter dinheiro. De acordo com o especialista, um investidor é quem preserva sua renda. ‘‘É aquela pessoa que consegue gerar recursos utilizando sua própria renda’’, afirma o especialista. ‘‘Além disso, um bom investidor consegue enxergar boas oportunidades de rentabilidade, e isso não tem relação com a quantidade de dinheiro disponível para investimento’’, complementa.
Para ele, se tornar um investidor é mais do que ter dinheiro. ‘‘Para uma pessoa tornar-se investidor, ela precisa, antes de tudo, estudar. Saber mais sobre investimentos e conhecer mais sobre finanças’’, diz Salanek. ‘‘Ter disciplina e inteligência financeira também faz toda a diferença na hora de investir. Saber o valor do dinheiro através do tempo também fará com que essa pessoa reconheça boas oportunidades de investimento e tenha menos riscos. É ter um planejamento financeiro’’, destaca o professor.
Para quem deseja começar a investir, o professor dá algumas dicas. ‘‘Começar a investir o quanto antes é o primeiro passo. Isso serve para quebrar a ideia de precisar esperar para primeiro conseguir controlar o dinheiro para depois pensar em investimento’’, afirma o especialista do ISAE. ‘‘Há entradas em investimentos com valores muito baixos, por isso, não há a necessidade de se guardar uma fortuna para depois começar a investir’’, conta Salanek.
Outra dica trazida pelo professor é a diversificação. ‘‘É importante que, dentro do perfil de cada um, buscar ir além do olhar de renda fixa e variável. Procure encontrar as modalidades que, naquele período de dinheiro aplicado, sejam mais adequadas’’, detalha o especialista. Além disso, segundo Salanek, é fundamental prestar atenção na liquidez do investimento. ‘‘Essa velocidade em transformar o investimento em dinheiro é um dos pontos em que o investidor deve se atentar. É preciso identificar, no momento da aplicação, quando será o resgate do valor investido e se essa aplicação é um investimento adequado para aquele período, com a melhor rentabilidade’’, conclui o especialista.
E as criptomoedas?
O cenário de investimentos em criptomoedas teve uma expansão significativa no Brasil nos últimos anos. O Bitcoin, em especial, considerado uma das principais criptomoedas, vem se tornando cada vez mais popular. Milhares de empresários no país têm preferido este investimento ao invés de apostar em empresas, considerado mais seguro. E a geração entre os 18 e 35 anos é a que mais tem influência sobre esses números. O Cointrader Monitor, que analisa criptomoedas no Brasil, compilou dados de 32 plataformas nacionais e registrou uma movimentação de 49.216,55 bitcoins em janeiro deste ano. Isso equivale, levando em consideração os valores da época, a R$ 9,4 bilhões, e representa 76% de crescimento em relação a janeiro de 2020.
No final de 2020, o Bitcoin deu um novo salto de valores, que já vinha em alta há três anos. A pandemia causou uma volatilidade em ações tradicionais pelo mundo todo, o que favoreceu a busca pela criptomoeda. “Anteriormente, em momentos mais flutuantes, investidores buscavam ações seguras como em dinheiro e ouro, segundo a reportagem, mas hoje, o Bitcoin tem sido um diferencial relevante entre as opções, mesmo que seja um mercado volátil por si só”, comenta o empreendedor e especialista em criptoativos Francisley Valdevino da Silva, CEO da empresa Intergalaxy SA, uma das grandes referências do mercado nacional.
As criptomoedas vêm democratizando o acesso a investimentos, mostrando-se cada vez mais favoráveis a jovens empresários com rendas não tão altas, o que os faz ver os Bitcoins como um grande potencial para empreender e crescer. Por ser um mercado recente e diferenciado do tradicional, é preciso entrar no ramo das criptomoedas com um pensamento novo. Silva dá algumas dicas para quem quer começar a investir em Bitcoin.
1 – Estude sobre o mercado: É muito importante que dedique o seu tempo ao estudo do mercado. O ramo é novo, porém possui uma grande volatilidade. “Então, antes de comprar qualquer moeda, entenda bem onde você está pisando”, comenta o especialista.
2 – Segurança: Preze sempre pela segurança de suas criptomoedas. Se você tem interesse nas operações de trade, poderá deixar seus valores em corretoras especializadas neste trabalho. “Porém, é imprescindível que você tenha uma carteira digital para armazenar suas criptomoedas”, explica Silva.
3 – Pick one: Escolha uma moeda que conheça e tenha tempo para estudá-la e analisá-la. “Além disso, antes de escolher uma empresa para negociar suas criptomoedas, observe quesitos como tempo de mercado, transparência e reputação”, sugere.
4 – Pés no chão: É importante sempre ter uma reserva que não seja parte do valor usado para as criptomoedas. Esteja com os pés no chão e não aplique mais do que está disposto a perder. O mercado é volátil e os picos de valorização podem mudar muito.
5 – Sem risco, sem lucro: Nenhum caminho na área financeira é totalmente livre de riscos. Não existem fórmulas mágicas. “Os retornos são bem grandes, e os riscos são proporcionais, havendo sempre o risco de perder capital. É fundamental que o investidor conheça e esteja preparado para essas peculiaridades que envolvem o mercado”, completa o CEO da Intergalaxy.