O Olho será o espaço onde estarão cerca de 130 obras dos designers, com uma ambientação elaborada exclusivamente para a mostra
O Museu Oscar Niemeyer (MON) inaugura em 27 de abril a exposição "Irmãos Campana" inédita no Brasil e totalmente produzida e idealizada pelo museu, que completa 15 anos. Ela ocupará o Olho, onde foi construído um ambiente exclusivo para receber cerca de 130 obras, ocupando uma área privilegiada de 1.500 metros quadrados.
O MON antecede uma tendência ao idealizar esta exposição, que é a mais completa da trajetória dos designers. "É uma grande alegria receber a mostra dos Irmãos Campana, que vem cada vez mais fortalecer essa característica do Museu Oscar Niemeyer de trabalhar com design, arte e arquitetura. É uma exposição imperdível", destaca o Secretário de Estado da Cultura, João Luiz Fiani.
Juliana Vosnika, diretora-presidente do Museu Oscar Niemeyer ressalta que: "idealizar e executar esta exposição sobre os Irmãos Campana demonstra a capacidade de ousar e realizar do nosso museu que comemora neste ano seus 15 anos de atividades. Assim como entregar aos visitantes conteúdos originais e meritórios sobre design, arte e arquitetura, principais áreas de atuação do MON."
Considerado o 4º melhor museu do Brasil e o 6º da América do Sul, o MON recentemente foi citado no ranking da publicação inglesa The Art Newspaper, com a mostra "Nos pormenores um universo – centenário de Vilanova Artigas", que foi uma das 10 exposições mais visitadas no mundo, em 2016, na categoria arquitetura e design.
Exposição tem cenografia concebida para o museu
Uma grande instalação no Olho abrigará os trabalhos mais representativos dos Irmãos Campana, que criaram o conceito do espaço. "Concebemos toda uma cenografia para dialogar com a arquitetura do Niemeyer", revela Humberto Campana. "Ele foi uma pessoa que exerceu grande influência no nosso trabalho".
Cinco obras icônicas estarão em destaque, entre elas as poltronas Vermelha (1998), Favela (2003) e Corallo (2003), produzidas pela empresa italiana Edra. Com curadoria de Consuelo Cornelsen, a exposição reúne peças que contemplam toda a trajetória dos autores. "Haverá desde obras do início da carreira, como três cadeiras da exposição 'Desconfortáveis', de 1989, até trabalhos mais recentes", afirma a curadora. Haverá também uma grande variedade de peças licenciadas por empresas internacionais e nacionais, tais como A Lot of Brasil, Tok&Stock, Alessi, Grendene, Lacoste, Lasvit, Louis Vuitton, Skitsch, entre outras, que exemplificam um saudável diálogo entre arte e mercado.
A importância dos materiais
Há 34 anos, os irmãos Fernando e Humberto Campana se lançaram no universo do design, criando peças de mobiliário inusitadas. Um exemplo é a Poltrona Vermelha, obra mais conhecida dos autores, que fizeram uso de uma corda de tecido trançada de modo único sobre uma estrutura de aço. Esta foi a primeira peça a ser licenciada por uma empresa italiana. Cordas, couro, metais, madeira, piaçava, acrílico, papelão, vidro, fibras sintéticas e naturais são alguns dos muitos materiais utilizados nas obras presentes na mostra. A partir destes elementos foi feita a curadoria que prioriza a pesquisa dos materiais, que são dispostos de forma cronológica na mostra. "A decisão por esta linha curatorial foi natural dentro do trabalho deles, pois com os Irmãos Campana o design nasce a partir do material e não a partir de um desenho", argumenta a curadora Consuelo Cornelsen.
O designer Humberto Campana confirma a afirmação, dizendo que "materiais são personagens à procura de um autor", fazendo referência a um famosa obra de Luigi Pirandello. "Eu vejo os materiais dessa forma. São eles quem vão nos conduzir ao projeto final. A possibilidade de trabalhar com um material novo propõe um diálogo com uma nova estética, um novo conceito. Por isso que eles são importantes no nosso trabalho", completa. Além do design de mobiliário, a mostra contará também com trabalhos gráficos dos Irmãos Campana, tais como gravuras e desenhos mais autorais. "Sempre propomos diálogos com a arte. Queremos mostrar esse lado nosso, de fazer pontes entre as disciplinas, e não criar fronteiras. Por isso sugerimos que fossem incluídas nessa exposição os nossos experimentos artísticos", finaliza Humberto Campana.
Mostra "Irmãos Campana"