As marcas Mr. Hoppy e Porks – Porco & Chope, fundadas pelo empresário José Araújo Netto, somam, com unidades próprias e franqueadas, 48 lojas em quatro regiões do país (Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste) em menos de quatro anos de história. Em 2018, as duas redes atingiram um faturamento bruto de R$ 30 milhões. Já em 2019, fecharam o ano com um faturamento aproximado de R$ 57,6 milhões. Hoje, o Mr. Hoppy conta com 38 lojas espalhadas por oito estados, enquanto o Porks possui 10 unidades divididas em quatro estados brasileiros. Para 2020, a expectativa é atingir um faturamento de R$ 80 milhões, com 15 novas lojas do Mr. Hoppy e mais 10 unidades do Porks.
A primeira unidade do Mr. Hoppy foi inaugurada em fevereiro de 2016, e o processo de franquia começou em outubro de 2017. Ou seja, a expansão da rede se deu em menos de dois anos. Com o Porks, o processo foi semelhante: a rede, especializada em preparos com carne de porco, começou por Belo Horizonte, chegou a Curitiba e, aos poucos, foi se expandindo para outras cidades (Brasília, Piracicaba e São Paulo). A rede fechou 2019 comercializando 10 toneladas de carne suína por mês e, até o final de 2020, pretende aumentar este número com a abertura de dez unidades na capital paulista.
O fundador das duas redes, José Araújo Netto, apostou na contramão da gourmetização. Na rede Mr. Hoppy, ele tem como sócio o empresário Vinicius Sampaio. Seu modelo de negócio prevê comidas (hambúrgueres e lanches à base de carne de porco) e bebidas (o chope artesanal) a preços acessíveis, na faixa de R$ 10. No cardápio do Porks, por exemplo, se destacam o Porks Bacon Burger (R$ 10), preparado com burger de costelinha de porco, creme de cheddar e tiras de bacon crocante; e o Pernil Municipal (R$ 10), um sanduíche de pernil de porco marinado por 12h, coberto por queijo mozzarella e cheiro verde. Para quem curte ótimos petiscos, a rede trabalha, ainda, com uma série de opções criativas e com sabores inconfundíveis, entre eles a Porkspóca (R$ 10), pururuca de porco crocante temperada com sal de lemon pepper; e o Torresmo de Tira (R$ 10), tradicional torresminho servido em tiras crocantes.
A confiança no modelo de negócio é tamanha que Araújo Netto está investindo em mais uma rede: o Little Joe Pizza Bar, inaugurada no segundo semestre de 2019, em Belo Horizonte. Trata-se de uma rede que vende pizzas, vinhos, espumantes e drinks a valores entre R$ 10 e R$ 15. Para chegar a esses preços, o empresário buscou reduzir diversos custos: por isso, as unidades não contam com a figura do garçom e do caixa. O cliente pede lanches e bebidas e os retira por conta. Dessa forma, diminuem-se os custos e a burocracia. “Nós vendemos produtos de desejo a um preço acessível: chope e hambúrguer artesanais. Além disso, o cliente ouve uma música de qualidade sem pagar couvert, já que isso é uma prerrogativa do ambiente, do negócio”, avalia.
Antes disso, Araújo Netto apostou em um restaurante italiano que teria custos mais baixos. “Foram dois anos e acabei vendendo. A experiência foi ótima, porque o ambiente não era propício para o modelo. Era convidativo e as pessoas ficavam muito tempo nele. Além disso, optei por um lugar com menos circulação de pessoas, o que não gerava o volume necessário. Dois aspectos que foram corrigidos para o Mr. Hoppy e o Porks”, pondera.
Caminho tortuoso
Inicialmente, Araújo Netto tentou expandir o bar que administra em Curitiba, o Quermesse, para Belo Horizonte, mas o procedimento se tornou muito complexo. “O cliente exigia um tipo de serviço mais sofisticado. Para mim, foi muito difícil em razão da gama de processos e não tive sucesso. No entanto, continuei buscando alternativas que propiciassem fazer a expansão de negócios”, diz. Essa experiência em um estabelecimento com um cardápio mais amplo e especializado trouxe uma nova visão de mercado. “Atuando no bar, percebi algumas variáveis que demandavam mais custo: cardápio muito extenso, tipo de mão de obra mais especializada e cara para executá-lo; e a adequação do tipo de serviço ao cardápio. Tentei montar modelos que fossem o oposto do Quermesse”, conta.
Para Araújo Netto, a crise vivida pelo Brasil nos últimos anos foi uma oportunidade para o modelo de negócios que desenvolveu. “Tornamos o hambúrguer e o chope artesanais acessíveis para todos. Isso ampliou o nosso espectro de clientes, pois existe a possibilidade de a pessoas gastar a partir de R$ 10. No modelo de negócio tradicional de bares, dificilmente vai gastar menos de R$ 50”, relata. Antes de acertar com o Mr. Hoppy e, em um segundo momento com o Porks, o empresário também investiu nos food trucks: no entanto, o foco era vender bebidas dentro desses carros, um beer truck. “Antes, o chope artesanal era vendido só em barracas. A ideia era vendê-lo em volume, em eventos, para baixar o preço. Queríamos tirar o estigma de que o chope artesanal precisava de um copo de vidro, de um momento especial”, completa o empresário.