Morre Dalton Trevisan, o ‘Vampiro de Curitiba’, aos 99 anos

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Foto: O Cruzeiro/Arquivo Estado de Minas.

Em uma manhã chuvosa desta segunda-feira (9), Curitiba se despede de um de seus filhos mais ilustres, Dalton Trevisan. O escritor, que há décadas vivia recluso na capital paranaense, morreu aos 99 anos, em casa. A causa da morte não foi divulgada, mas o falecimento foi registrado na lista oficial da Prefeitura de Curitiba.

Dalton Jérson Trevisan, nascido em 14 de junho de 1925, é amplamente reconhecido como um dos maiores contistas da literatura brasileira contemporânea. Formado em Direito pela tradicional Faculdade de Direito do Paraná, o autor exerceu a advocacia por sete anos antes de optar por se dedicar exclusivamente à sua verdadeira paixão: a literatura.

Com uma escrita marcante e caracterizada pela concisão, Trevisan se destacou ao retratar os dilemas e as idiossincrasias das classes populares e médias de Curitiba, cidade que serviu de cenário e inspiração para boa parte de sua obra. Seu livro mais célebre, O Vampiro de Curitiba (1965), rendeu-lhe o apelido que o acompanhou por toda a vida literária. A obra, uma coletânea de contos que mergulha nos aspectos mais sombrios e íntimos do cotidiano urbano, consolidou seu lugar no panteão da literatura nacional.

Apesar do sucesso, Dalton Trevisan era notoriamente avesso à vida pública. Raramente concedia entrevistas ou aparecia em eventos literários. Sua reclusão era tamanha que se tornou uma de suas marcas registradas, contribuindo para o mistério que cercava sua figura. Esse distanciamento, no entanto, nunca diminuiu o impacto de sua escrita, que segue como referência no estudo da literatura brasileira e na formação de novos escritores.

A morte de Dalton Trevisan marca o fim de uma era para Curitiba e para o Brasil, que perdem não apenas um gênio literário, mas também um cronista único da alma urbana. Seu legado, no entanto, permanece vivo em suas obras, que continuam a desafiar, emocionar e inspirar leitores de todas as gerações.

Enquanto a chuva lavava as ruas da cidade que ele imortalizou em suas páginas, Curitiba chorava a perda do autor que, mesmo distante dos holofotes, deixou uma marca indelével na cultura brasileira.

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