O ex-candidato à Prefeitura de Curitiba pelo União Brasil, Ney Leprevost, fez declarações contundentes em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, revelando bastidores de sua campanha nas eleições municipais de 2024. Leprevost, que ficou na quarta colocação com apenas 6,5% dos votos válidos, apontou que sua decisão de aceitar Rosângela Moro como vice foi um dos fatores que comprometeram seu desempenho nas urnas. Rosângela é esposa do senador Sérgio Moro (União Brasil), ex-juiz da Operação Lava Jato e figura polarizadora na política brasileira.
Durante a entrevista, Leprevost afirmou que o pedido para incluir Rosângela na chapa partiu do diretório nacional do União Brasil, mas que essa escolha trouxe mais complicações do que benefícios para sua campanha. “Moro atrapalhou bastante. Não que seja culpa dele o fato de eu não ter vencido, mas ele atrapalhou. E ele é difícil de lidar, vaidoso. Gosto da Rosângela, mas o Moro trouxe muita rejeição. Ele é visto em Curitiba como o carrasco do Lula e o traidor do Bolsonaro”, desabafou Leprevost.
O ex-candidato também mencionou que, apesar de seu histórico de apoio à Lava Jato, sua campanha não conseguiu captar eleitores simpáticos à operação, especialmente pelo fato de o ex-procurador Deltan Dallagnol (Novo) ter apoiado outro concorrente, Eduardo Pimentel (PSD), atual vice-prefeito de Curitiba. Esse cenário deixou Leprevost em uma situação de isolamento político, sem o apoio de figuras-chave da Lava Jato e enfrentando resistência de eleitores fiéis a Bolsonaro e Lula.
Outro ponto de tensão relatado por Leprevost foi o comportamento de Sérgio Moro ao longo da campanha. Segundo ele, o senador queria maior destaque nas propagandas eleitorais, algo que o tempo de TV limitado não permitia. “Eu tinha apenas 1 minuto e 12 segundos de televisão. Não dava para colocar o Moro o tempo todo. Ele ficou bravo e abandonou a campanha no final”, contou. Leprevost ainda revelou que, ao longo da campanha, o senador passou a disseminar que estava sendo boicotado, agravando a já delicada relação entre os dois.
A ruptura entre Leprevost e Moro se tornou evidente nos momentos finais da campanha, com o candidato afirmando que não falava mais com o senador. A principal crítica de Leprevost foi a tentativa de Moro de usar a campanha municipal como plataforma para se promover, possivelmente já mirando as eleições estaduais de 2026. “A partir do momento que ela [Rosângela] virou minha vice, o Moro passou a achar que eu era um fantoche dele para fazer a pré-campanha de governador”, concluiu o deputado.