O relatório usa dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde (Sinan/MS), que computou 22 918 crimes dessa natureza naquele ano. Mas o número é sabidamente subnotificado já que dados do Fórum obtidos junto às polícias estaduais apontaram que, em 2016, 49.497 pessoas procuraram as forças de segurança para denunciar casos de estupro. Só o dado do Ministério da Saúde, no entanto, permite acessar a idade das vítimas e conhecer melhor o perfil desse tipo de crime no País.
Estudiosos acreditam que o número desses ataques seja ainda superior ao apontado pelo Fórum. Pesquisas do Ministério da Justiça e do Instituto Maria da Penha sugerem que a quantidade de mulheres vítimas de violência sexual ultrapasse a casa do 1 milhão de casos anualmente.
De 2011 a 2016, o aumento nas notificações de estupro no sistema do Ministério da Saúde foi de 90,2%. Os pesquisadores acreditam que a alta pode ser explicada por três fatores: "1) do aumento da prevalência de estupros; 2) do aumento na taxa de notificação a reboque das inúmeras campanhas feministas e governamentais; ou 3) da expansão e do aprimoramento dos centros de referência que registram as notificações."
O número de crianças vítimas desse crime em relação ao total tem se mantido estável desde 2011, quando 50,7% dos agredidos haviam sido crianças e 19,4%, adolescentes de 14 a 17 anos. Em 30,1% do total de casos, o crime contra a criança foi cometido por amigos ou conhecidos. Em outros 30%, o agressor era um parente próximo
"Quando a vítima e autor se conhecem, 78,6% dos casos acontecem dentro da residência. Quando eles não se conhecem, a via pública é o local majoritário de ocorrência. Cerca de um terço dos casos aconteceram em uma situação em que havia suspeita de o agressor ter ingerido álcool. A força física e as ameaças foram, em grande parte, o meio empregado para coagir a vítima", diz os pesquisadores sobre o total de crimes de estupro contra vítimas de todas as faixas etárias.
O relatório chama atenção ainda para a quantidade de estupros cometidos contra pessoas com deficiência. Do total de crimes, 10,3% tiveram uma pessoa com algum tipo de vulnerabilidade física ou mental como vítima, sendo que 12,2% do total de estupros cometidos de forma coletiva miraram as pessoas com deficiência.