O pastor Silas Malafaia, uma figura influente no meio evangélico e apoiador declarado de Jair Bolsonaro, criticou a postura adotada pelo ex-presidente durante o primeiro turno das eleições municipais de 2024. Em suas declarações, Malafaia classificou como “dúbio” o comportamento de Bolsonaro em relação às campanhas para as prefeituras de São Paulo e Curitiba, onde os candidatos Ricardo Nunes (MDB) e Eduardo Pimentel (PSD), ambos apoiados oficialmente pelo Partido Liberal (PL), concorrem à reeleição.
Durante uma entrevista ao Estadão nesta terça-feira, 8 de outubro, Malafaia expressou sua frustração ao afirmar que Bolsonaro, mesmo sendo o principal nome do PL, não demonstrou apoio explícito ao candidato de São Paulo, Ricardo Nunes. Segundo o pastor, houve um silêncio notável por parte do ex-presidente e de seus filhos nas redes sociais durante a campanha, o que gerou dúvidas sobre a liderança de Bolsonaro. “Bolsonaro é um líder, mas errou estupidamente. Que líder é esse que dá um sinal dúbio para o povo?”, questionou.
Em resposta às críticas, o advogado e assessor de Bolsonaro, Fábio Wajngarten, reagiu, sugerindo que questões internas do grupo deveriam ser resolvidas em particular. “Roupa suja se lava em casa, e não em público”, declarou Wajngarten, minimizando as acusações de falta de apoio.
A insatisfação de Malafaia se estende ao cenário eleitoral de Curitiba, onde Eduardo Pimentel, atual prefeito e aliado de Bolsonaro, também enfrenta uma disputa acirrada. Embora Pimentel tenha recebido o apoio institucional do PL, a jornalista Cristina Graeml (PMB) emergiu como uma candidata de peso, ganhando destaque na reta final da campanha com sinais de apoio informal do ex-presidente.
O desconforto com a atuação de Bolsonaro no primeiro turno não se limitou ao apoio aos candidatos. Malafaia considerou que o comportamento do clã Bolsonaro foi “covarde” e “omisso”, enfraquecendo as alianças políticas construídas pelo PL. “Quem vai fazer aliança com um cara que não é confiável? O que ele fez em São Paulo e no Paraná foi uma vergonha”, desabafou o pastor em entrevista à Folha de S.Paulo.
Ainda que o pastor tenha expressado suas críticas de forma contundente, ele ressaltou que continua apoiando Bolsonaro, mas defendeu a importância de transparência e de uma postura mais firme por parte do ex-presidente. “Se a gente é severo com a esquerda, temos que ser sinceros também com aquilo que a gente apoia”, afirmou Malafaia, enfatizando sua lealdade, mas reforçando a necessidade de correção de rumos.
No desdobramento das eleições, Ricardo Nunes avançou para o segundo turno em São Paulo, onde enfrentará Guilherme Boulos (PSOL) no dia 27 de outubro. Em Curitiba, Eduardo Pimentel segue na disputa com Cristina Graeml, com o apoio de seu vice, Paulo Martins, também do PL de Bolsonaro.