Em um discurso contundente na Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra, Suíça, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender a taxação de fortunas e pediu uma “nova globalização”. Lula destacou a importância de uma distribuição mais justa da riqueza global e criticou a concentração de renda em seu discurso, arrancando aplausos e risadas da plateia ao mencionar o bilionário Elon Musk e seu programa espacial.
O presidente enfatizou que os países ricos “têm de pagar a conta” e destacou que o Brasil está promovendo a proposta de taxação dos super-ricos nos debates do G20. Ele criticou a extrema concentração de riqueza, mencionando que cerca de 3 mil pessoas no mundo detêm quase US$ 15 trilhões em patrimônio, uma soma que equivale aos PIBs de Japão, Alemanha, Índia e Reino Unido juntos.
Lula também apontou a disparidade absurda onde alguns indivíduos possuem seus próprios programas espaciais, enquanto a maioria dos trabalhadores que gera essa riqueza enfrenta condições difíceis na Terra. Ele defendeu a ideia de que as soluções devem ser buscadas para a Terra e não em outros planetas, uma referência direta ao bilionário Elon Musk e sua empresa SpaceX.
O presidente brasileiro pediu uma modernização do trabalho que inclua a valorização dos direitos trabalhistas e criticou o aumento da informalidade. Lula destacou as políticas de valorização do salário mínimo, erradicação do trabalho infantil e combate a formas contemporâneas de escravidão. Ele também mencionou a aliança por trabalho digno com o presidente norte-americano Joe Biden, chamando-o de “grande aliado”.
Lula expressou preocupação com a falta de oportunidades para as novas gerações, apontando que muitos jovens não estudam nem trabalham, resultando em um elevado desalento. Ele destacou que quase 215 milhões de pessoas vivem em extrema pobreza, mesmo estando empregadas, e ressaltou que as desigualdades de gênero, raça, orientação sexual e origem geográfica agravam esse cenário.
A presença de Lula na sede da ONU, onde ocorre a conferência da OIT, mobilizou a comunidade diplomática. Chefes da Organização Mundial da Saúde (OMS), da Organização Mundial do Comércio (OMC) e de dezenas de delegações saudaram o presidente brasileiro. Gilbert Houngbo, diretor-geral da OIT, afirmou que a coalização liderada por Lula é a “prova de que o multilateralismo” pode responder aos desafios atuais.
Navid Hanif, vice-secretário-geral da ONU, comparou a presença de Lula à de Nelson Mandela na OIT décadas atrás e defendeu a criação de um “novo contrato social”. Ele afirmou que a coalização liderada por Lula representa um compromisso com a justiça social, fundamental para a paz. Tedros Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, agradeceu a Lula por seu compromisso com a justiça social e sua luta contra a fome e a pobreza.