A Argentina ganhou os holofotes mundiais após vencer a Copa do Mundo 2022. Mas não é só no futebol que nossos vizinhos de língua espanhola fazem sucesso. A presença marcante das mulheres na literatura argentina contemporânea, tanto no seu país de origem quanto em grandes centros culturais, como São Paulo, Berlim, Nova York e Paris, também é motivo de muito orgulho para toda a América Latina.
Com capas variadas e títulos traduzidos, os nomes de Mariana Enríquez, Samantha Schweblin, Camila Sosa Villada, Carla Maliandi e Ariana Harwicz nunca faltam nas mesas e nos displays de destaque. “O fenômeno deve-se a vários fatores, como o Programa SUR e o movimento global Mulheres Traduzem Mulheres, que fazem com que obras de escritoras contemporâneas conquistem o mercado internacional e sejam frequentemente selecionadas para prêmios literários”, explica Fernanda Ávila, sócia fundadora da Amora Livros, clube de assinatura de livros escritos exclusivamente por mulheres.
O Programa SUR, do departamento de assuntos culturais do Ministério das Relações Exteriores da Argentina, junto com instituições como a Biblioteca Nacional, em Buenos Aires, outorgam anualmente subvenções para editoras estrangeiras que queiram traduzir livros argentinos. Desde o início do programa, em 2009, foram traduzidas mais de 1533 obras de 465 escritoras e escritores argentinos. "Agosto", de Paula Romina e "Sete Casas Vazías", de Samantha Schweblin são traduções recentes em português. Em 2021, das 86 subvenções, onze foram para traduções em português, cinco de escritoras, entre ficção e não-ficção.
“Ter um livro traduzido e presente no mercado de língua inglesa, por exemplo, faz com que ele seja lido não apenas no Reino Unido e nos EUA, mas também no Canadá, Austrália, África do Sul, Índia e Oriente Médio”, aponta. “Livros em francês são exportados em grande número para países africanos francófonos e para as inúmeras bibliotecas da Aliança Francesa espalhadas pelo mundo. Ainda há traduções para o lituano, árabe, croata e iorubá. Ou seja, o poder de disseminação da literatura argentina feita por escritoras vai além dos grandes mercados. Assim como o cinema argentino, a literatura é usada como ferramenta diplomática e comercial”, diz.
O sucesso das escritoras argentinas contemporâneas não está unicamente circunscrito às traduções – elas fazem sucesso também em espanhol. O prêmio literário Sor Juan Inés de la Cruz, para escritoras em espanhol, que em 2022 chegou à 30ª edição, selecionou escritoras argentinas oito vezes, a maior aglomeração nacional na frente das mexicanas, com seis prêmios, e das chilenas e espanholas, com 4 de cada país. O prêmio é revelado anualmente na Feira do Livro de Guadalajara, no México.
Para saber mais sobre escritoras mulheres de literatura contemporânea no Brasil e no mundo, conheça o trabalho da Amora Livros no Instagram (@amoralivros_brasil).