Nesta quinta-feira, 11 de julho, a Polícia Federal prendeu dois indivíduos em uma operação que investiga a chamada “Abin paralela”. Entre os detidos, Giancarlo Gomes Rodrigues, militar do Exército, e Marcelo Araújo Bormevet, policial federal, destacaram-se por defenderem publicamente atos violentos contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Em mensagens trocadas, Giancarlo escreveu que Moraes “merecia algo a mais”, ao que Bormevet respondeu “7.62”, em referência a um tiro de fuzil, complementado por Giancarlo com “head shot”, sugerindo um tiro na cabeça.
As conversas também incluíram discussões sobre um abaixo-assinado pelo impeachment de Moraes. Bormevet enviou o documento a Giancarlo, que inicialmente questionou seu propósito. Bormevet respondeu brincando que queria a assinatura do colega e insinuou que Giancarlo seria um militar de esquerda, conhecido como “melancia” (verde por fora e vermelho por dentro). Giancarlo, em tom de piada, disse que era “melancia” porque seu órgão sexual era vermelho, e afirmou que “com esse careca filho da p*, só tiro mesmo”.
A operação, intitulada “Última Milha”, visa desarticular uma organização criminosa dedicada ao monitoramento ilegal de autoridades públicas e à produção de notícias falsas, utilizando sistemas da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão de Jair Bolsonaro. A Polícia Federal cumpriu cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão, em cidades como Brasília, Curitiba, Juiz de Fora, Salvador e São Paulo.
Até o momento, além de Giancarlo e Bormevet, foram confirmadas as prisões de Mateus Sposito, ex-assessor da Secretaria de Comunicação Social (Secom) na gestão anterior, e Richards Dyer Pozzer. Rogério Beraldo de Almeida ainda está foragido. Ex-assessores de Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, também foram alvo de mandados de busca e apreensão, incluindo José Mateus Sales Gomes.
A investigação revelou que membros dos Três Poderes e jornalistas foram alvos das ações do grupo, que criava perfis falsos e divulgava informações falsas. A organização criminosa acessava ilegalmente computadores, aparelhos de telefonia e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos.
Os investigados podem ser acusados de crimes como organização criminosa, tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito, interceptação clandestina de comunicações e invasão de dispositivos informáticos alheios. A operação “Última Milha” destaca a importância de proteger a integridade das instituições democráticas e reforça a necessidade de vigilância contínua contra ameaças à segurança pública e à democracia.