O turista que chega à Ilha do Mel nesta temporada consegue ver a diferença já no desembarque. O Governo do Estado está investindo R$ 8 milhões para melhorias na infraestrutura da ilha, que inclui a instalação de trapiches flutuantes em Encantadas e Nova Brasília, dragagem dos canais de acesso aos trapiches e reforço na coleta de lixo. A ideia é melhorar ainda mais os atrativos e a qualidade de vida no local, beneficiando moradores e turistas.
Estão sendo feitas obras de revitalização da Praça de Alimentação e da Praça Central de Encantadas, além de limpeza dos canais, reforma das passarelas existentes e no Receptivo de Turistas de Nova Brasília. Estão previstas, ainda, a construção do receptivo de Encantadas e reforço na coleta de lixo, além de mirantes, passarelas e projetos de acessibilidade.
A estrutura existente para embarque e desembarque na ilha já não dava mais segurança aos turistas e moradores. Os trapiches foram instalados há 20 anos e sofriam com a ação do tempo e da maresia, causando riscos para as pessoas. Os flutuantes são temporários e ficarão disponíveis para a atracação das embarcações até a construção dos novos trapiches, que já foram licitados e serão instalados com recursos da empresa pública Portos do Paraná.
Segundo destino turístico do Paraná, atrás das Cataratas do Iguaçu, a Ilha do Mel é considerada prioritária para o Governo do Estado e para o Ministério do Turismo e recebe cerca de 300 mil visitantes por ano. “A Ilha do Mel é um destino turístico já consolidado no Estado. O governo atua não apenas para promover, mas para garantir a segurança e a qualidade do serviço prestado no local”, afirma Rafael Andreguetto, diretor de Patrimônio Natural do Instituto de Água e Terra (IAT).
ATRATIVOS – A Ilha do Mel guarda alguns tesouros que são únicos no litoral do Paraná. Os principais são a Fortaleza Nossa Senhora do Prazeres, Patrimônio Histórico da União, construída em 1770 para proteger a Baía de Paranaguá de possíveis ataques de inimigos da Coroa Portuguesa; o Farol das Conchas, construído em meados do século 19 e que tem uma vista privilegiada de toda a ilha; e a Gruta de Encantadas; além de trilhas no meio da Mata Atlântica que chegam a belas praias.
Esses atrativos, aliados à tranquilidade que o local oferece, são valorizados com o investimento na infraestrutura, destaca Paulo Sérgio Nogueira, coordenador da Ilha do Mel pelo IAT. “Há muita circulação de pessoas durante o dia e muitas pousadas estão com lotação máxima até o Carnaval. O turista que vem quer ter a tranquilidade de desembarcar com segurança e estar em um local estruturado”, diz.
É o que afirma a professora Eliana Marechal, que faz parte de um grupo de 14 pessoas que veio de São Paulo para visitar a Ilha do Mel. “Percebemos que há fiscalização dos barcos e policiamento. Gostamos muito de conhecer o local, tanto que meu cunhado veio para cá ano passado e este ano convidou mais pessoas para conhecer. É um sossego para quem gosta de paz e tranquilidade”, conta.
Moradoras do interior de São Paulo, a professora Viviane Borda e a artesã Ângela Maria Castilho foram pela primeira vez à Ilha do Mel e gostaram do passeio. “Eu nunca tinha vindo a uma ilha, foi uma ótima experiência”, diz Viviane. “Tem uma estrutura muito boa, com praias limpas e organizadas. Achamos tudo muito lindo”, acrescenta Ângela.
OCUPAÇÃO – Novas ações estão previstas para serem implantadas neste ano, visando a qualificação do turismo e a preservação ambiental. Com a revisão do plano de manejo da ilha, que alterou a capacidade de carga das trilhas e prevê o controle de visitação, o IAT e a prefeitura de Paranaguá estudam agora a modelagem para o Uso Público e Turismo do Parque Estadual da Ilha do Mel, que vai definir as regras de ocupação do solo.
A Ilha do Mel tem 98% de sua área voltada à proteção ambiental e abriga duas categorias de unidades de conservação: o parque estadual e a estação ecológica, que protegem uma área remanescente da Mata Atlântica. “O investimento feito na ilha reflete diretamente nas unidades de conservação, que integram a reserva da biosfera do Largamar, um título dado pela Unesco à região que engloba o litoral Norte do Paraná e o litoral Sul de São Paulo e que é de extrema importância para a conservação da biodiversidade”, diz Andreguetto.
“Apenas uma parte dela é destinada à ocupação e visitação. Todo o uso do solo, o que pode ou não fazer no local, precisará atender o que está previsto no plano de manejo e seguir regras ambientais para preservação do bioma”, explica.
TRANSPORTE AQUAVIÁRIO – O transporte aquaviário do Litoral, que até agora não estava regulamentado, também passará por revisão, que dará mais segurança no transporte de passageiros e vai permitir a fiscalização de todas as embarcações.
Isso inclui táxis náuticos, barcos que promovem passeios no Litoral e as embarcações que seguem para a Ilha do Mel, saindo tanto de Pontal do Sul como de Paranaguá, e também para outros destinos da região, como Guaraqueçaba, Superagui e Ilha das Peças.
“Será feito um chamamento público para confirmar as empresas e cooperativas que fazem o transporte aquaviário e definir regras para garantir mais segurança ao usuário”, diz Nogueira. “Também vamos regulamentar os trapiches, que terão normas de uso por parte dos barqueiros”.
AÇÃO E AVENTURA – Dentro do processo de qualificação do setor turístico, o Governo do Estado também está elaborando o Plano de Gestão de Segurança para Operação de Atividades de Ecoturismo e Turismo de Aventura. A ideia é garantir e aplicar normas de segurança em atividades como rafting, tracking, rapel, balonismo, asa-delta, entre outros, em todo o território estadual.
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Ilha das Cobras terá escola para capacitar moradores do Litoral
Além da Ilha do Mel, o Estado é também responsável pela Ilha das Cobras, que ainda não está aberta para visitação. O local, que abrigava até então a residência oficial de veraneio dos governadores, sediará uma escola de turismo e gastronomia voltada para a capacitação dos moradores do Litoral. A previsão é também abrir a ilha para receber turistas e instalar no local um restaurante-escola, que servirá comidas típicas caiçaras.
Em dezembro, o governador Carlos Massa Ratinho Junior recebeu do secretário adjunto de Coordenação e Governança do Patrimônio da União, Mauro de Santana Filho, o termo de cessão do imóvel ao Estado, que regulariza o uso e permite a instalação da Escola do Mar.
O Governo do Estado vai formalizar um convênio com o Sebrae e o Senac, que serão responsáveis pelos cursos. Também será aberta a licitação para a readequação das instalações, para implantar a estrutura necessária para as aulas. São capacitações sobre gastronomia regional, turismo e hotelaria, além da previsão de cursos de aquicultura (produção de ostras, mariscos e camarão) e de educação ambiental.
Os cursos devem iniciar ainda neste semestre e serão gratuitos, com diferentes cargas horárias e voltados principalmente para os filhos de pescadores, a comunidade lindeira e donos de bares, restaurantes, lanchonetes e pousadas dos sete municípios do Litoral. No período de capacitação, os alunos ficarão instalados na residência.
O programa elaborado pelas entidades parceiras prevê disciplinas sobre turismo responsável e gestão de negócios sustentáveis. A ideia não é ter uma escola focada em um único tema, mas diversificar as atividades de acordo com as necessidades da região, incluindo aulas de idioma e educação ambiental. O local também tem potencial para se transformar em um centro de apoio ao artesanato caiçara regional.