Dois homens morreram na noite desse sábado (09) em Foz do Iguaçu, cidade do Paraná, ao trocar tiros durante uma festa de aniversário temática do Partido dos Trabalhadores (PT). O aniversariante Marcelo Arruda comemorava os 50 anos quando Jorge José da Rocha Guaranho, apoiador do presidente Jair Bolsonaro (PL) e agente penitenciário, invadiu o local com uma arma.
Arruda era guarda municipal, diretor do Sindicato dos Servidores Municipais de Foz (Sismufi) e tesoureiro do PT municipal. Ele comemorava o aniversário na sede da Associação Esportiva Saúde Física Itaipu, quando Guaranho passou de carro e começou a entoar gritos de apoio a Bolsonaro e contra Lula (PT) – ambos pré-candidatos à Presidência da República nas eleições de outubro de 2022.
Segundo uma testemunha, Guaranho estava com uma mulher e um bebê no carro e apontou a arma em direção à festa. "Nós estávamos na festa, que era temática do PT. Isso por volta das 11h30 (23h30), 11 horas, apareceu um cara, que não era convidado e que ninguém conhece, veio com um carro até a frente e começou a gritar dentro do carro: 'É o Bolsonaro, seus filhas da puta, seus desgraçados! É o mito!'. Começou a gritar coisa do Bolsonaro, de dentro do carro", diz.
Foto: Divulgação/Polícia Civil do Paraná |
"Nisso, o Marcelo foi até a frente assim, achando que era um convidado. Aí o cara tirou uma arma para fora, pela janela, aponta para o Marcelo, aponta para todo mundo. O Marcelo vê que o negócio é sério. Ele estava com um copo de chope na mão e joga na cara do cara e se esconde. Tenta se proteger da linha de tiro. O cara estava com uma mulher e um bebê dentro do carro. A mulher dele começou a gritar com ele: 'Para com isso! Vamos embora!'. O cara começa a ir para frente e fala assim: 'Eu vou voltar e vou matar todos vocês, seus desgraçados!'. Ninguém acreditou, né?", complementou a testemunha.
Guaranho, contudo, retornou ao local segundo a testemunha e atirou contra Arruda, que já pensava em pegar a própria arma. "Uns 15 minutos depois, o cara voltou. E nesse tempo o Marcelo falou: 'Cara, se esse maluco volta, eu vou pegar minha arma'. Aí o Marcelo foi buscar a arma dele no carro e colocou na cintura. E aí passou uns 15, 20 minutos, o cara voltou e aí quando ele chegou, apontou a arma para o Marcelo, o Marcelo gritou 'Para! Polícia!'".
"Aí, os dois se apontaram, O Marcelo falando que era polícia. Nisso, o cara deu um tiro na perna do Marcelo, o Marcelo caiu. Aí o cara chegou em cima do Marcelo e deu outro tiro para executar o Marcelo e o Marcelo conseguiu se virar e deu 5 tiros no cara. Se não fosse isso, o cara tinha feito uma chacina lá na festa", completou a testemunha.
PT e Lula lamentam
O Partido dos Trabalhadores (PT) lamentou o ocorrido por meio de nota, emitida neste domingo (10). "Mais um querido companheiro se foi nessa madrugada, vítima da intolerância, do ódio e da violência política. Em plena celebração de seu aniversário, em que comemorava seus 50 anos com familiares, amigos e companheiros, em Foz do Iguaçu, PR, nosso Marcelo Arruda foi assassinado por um bolsonarista que, pouco antes, havia interrompido a festa e ameaçado de armas na mão a todos os presentes, familiares, amigos, companheiros ali reunidos".
"Marcelo era guarda municipal e um grande militante do PT, tendo sido nosso candidato a vice-prefeito em Foz do Iguaçu nas eleições de 2020. As últimas imagens de sua vida, gravadas no momento em que cantavam o parabéns, registram sua alegria de viver, seu entusiasmo com a militância, seu compromisso de vida com o PT e o presidente Lula", também afirma a legenda.
Lula também comentou o caso, via redes sociais. “Uma pessoa, por intolerância, ameaçou e depois atirou nele, que se defendeu e evitou uma tragédia maior. Duas famílias perderam seus pais. Filhos ficaram órfãos, inclusive os do agressor. Meus sentimentos e solidariedade aos familiares, amigos e companheiros de Marcelo Arruda.”, escreveu o ex-presidente no Twitter.
Até as 13h26 deste domingo, não houve manifestação por parte de Bolsonaro ou do Palácio do Planalto.