A informações mais recentes foram divulgadas domingo no programa Fantástico, da Globo. Os depoimentos fazem parte da investigação do Ministério Público que corre em segredo na Justiça desde 2016 Segundo as apurações, cerca de 40 atletas e ex-atletas foram abusados sexualmente por Fernando de Carvalho em crimes que aconteceram entre 1999 e 2016.
"Ele pegou meu celular, abaixou meu shorts e fotografou", revelou uma das vítimas. "Ele fotografou meu pênis enquanto estava dormindo. Ele abusou de mim. Ele fez isso achando que eu não estava percebendo", prosseguiu.
O ex-atleta contou que na época do abuso ele tinha dez anos. "Ele colocava a câmera dele para carregar no vestiário e na casa dele também. Até que teve uma vez que eu saí do banho e fui ver. E realmente estava gravando e carregando. Aí fechei a câmera e saí do banheiro", declarou.
Outro ex-atleta confirmou. "Ele falava que estava carregando, mas ficava filmando a gente", disse. Ele informou que também descobriu que estava sendo filmado e conseguiu apagar a gravação em que aparecia. Ainda declarou que o treinador tocava suas partes íntimas durante o treinamento.
O ex-atleta relembrou um dos episódios, quando tinha 11 anos. "Falei para ele: 'Bati meu pênis na barra e está doendo'. Ele falou que ia procurar uma pomada para passar. E disse: 'vamos para o hotel que lá a gente vê o que faz'. E lá começou a me manipular. Pegou o chuveirinho, começou a lavar. Não gostei, porque ele não quis me levar ao médico", prosseguiu.
Na época, o garoto não teve coragem de contar para os pais o que estava acontecendo e pensou que a culpa dos abusos fosse dele. Desde 2016, 22 pessoas prestaram depoimentos para os promotores que investigam o caso. Pelo menos quatro delas falaram das fotos e dos vídeos feitos no banheiro.
Na sexta-feira, a polícia foi à casa de Fernando de Carvalho e apreendeu CDs, DVDs, Pen Drives, fita cassete e um HD externo. Todo o material vai passar por perícia. Na última segunda-feira, o Clube Mesc, de São Bernardo do Campo, afastou o então treinador do cargo que ocupou por 20 anos.
Ainda não há data para o julgamento do caso. A pena prevista em lei para esse tipo de crime é de 4 a 8 anos de reclusão para cada criança que foi vítima. Na última semana, o treinador negou todas as acusações e afirmou que "tem a consciência tranquila" e que quem o acusa "vai ter que provar na justiça".