Durante o Setembro Vermelho, mês dedicado à conscientização sobre os cuidados com o coração e a prevenção das doenças cardiovasculares, um levantamento realizado em Curitiba ganhou destaque ao revelar o impacto do sedentarismo na saúde da população. A pesquisa, conduzida por médicos da Quanta Diagnóstico por Imagem e publicada em 2024 no International Journal of Cardiology, mostrou que a falta de atividade física foi o fator de risco modificável que mais contribuiu para mortes cardiovasculares na capital paranaense ao longo de uma década.
O estudo analisou dados de 25.127 pacientes entre 2010 e 2020. Todos tinham mais de 18 anos, eram residentes em Curitiba e não possuíam histórico de infarto, angioplastia ou cirurgia de revascularização. A exclusão destes casos se deveu à integração do levantamento com o Sistema de Informação em Mortalidade de Curitiba, permitindo que os pesquisadores acompanhassem os registros oficiais de óbitos da cidade.
Sedentarismo em primeiro lugar entre os riscos
De acordo com os resultados, mais da metade das mortes cardiovasculares poderiam ter sido evitadas por meio do controle de fatores de risco. O sedentarismo respondeu sozinho por 40% dos óbitos analisados, seguido pela hipertensão (17%) e pelo diabetes (15%). O trabalho também apontou que, mesmo com avanços na medicina, o impacto desses fatores não sofreu alterações relevantes ao longo dos dez anos de observação.
Os especialistas destacam que a inatividade física contribui para o aumento de peso, da pressão arterial e do colesterol, além de prejudicar o controle da glicemia. Já a prática regular de exercícios está associada a benefícios como o fortalecimento da função cardíaca, a melhora da circulação sanguínea e maior eficiência no uso do oxigênio pelo organismo.
Curitiba e o desafio da mudança de hábitos
Apesar de Curitiba contar com parques, áreas verdes e espaços públicos voltados à prática esportiva, índices nacionais, como os do VIGITEL — pesquisa do Ministério da Saúde —, mostram que a cidade ainda enfrenta taxas preocupantes de sedentarismo. Para os médicos envolvidos no estudo, os resultados indicam a necessidade de um esforço conjunto entre profissionais da saúde e a população, com mais incentivo à adoção de hábitos saudáveis e maior adesão às orientações médicas.
Contribuição internacional
O estudo foi conduzido pelo Inova, Departamento de Pesquisa e Inovação da Quanta Diagnóstico por Imagem, que atua em projetos nacionais e internacionais. A clínica mantém parceria com a Agência Internacional de Energia Atômica da ONU desde 2007, colaborando para o desenvolvimento da medicina nuclear em diagnósticos de câncer e doenças cardíacas. Segundo os pesquisadores, esse tipo de produção científica contribui para aprimorar protocolos e orientar políticas de saúde pública em diferentes países.
Relevância do levantamento
Ao evidenciar o sedentarismo como fator central para a mortalidade cardiovascular em Curitiba, o estudo reforça a importância de políticas públicas e de escolhas individuais voltadas à prevenção. Com práticas simples, como a inclusão de exercícios regulares na rotina, boa parte das mortes poderia ser evitada, apontando um caminho claro para a redução de riscos e para a melhoria da qualidade de vida dos curitibanos.
Link do estudo abaixo
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0167527324008003?dgcid=author




