A partir do ano que vem, 246 edificações públicas do Paraná vão produzir sua própria energia elétrica. Um projeto pioneiro no País, e o segundo maior do mundo em abrangência, prevê a instalação de painéis fotovoltaicos em 208 escolas municipais e em outros prédios públicos de sete municípios paranaenses, fruto de uma parceria entre a Copel, o Paranacidade, órgão da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Urbano e Obras Públicas, a Fomento Paraná e a Green Building Council Brasil (GBC Brasil).
O projeto de eficiência energética foi apresentado nesta segunda-feira (16) pelo governador Carlos Massa Ratinho Junior na abertura do Greenbuilding Brasil 2020, maior evento da América Latina sobre sustentabilidade na construção, que neste ano é realizado totalmente de forma online.
O governador ressaltou que o Paraná sai mais uma vez na frente em um projeto inovador, que vai incentivar o desenvolvimento sustentável, como preveem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). “Criar soluções para o bom aproveitamento da água e da energia é uma necessidade. Estamos enfrentando a maior crise hídrica dos últimos 100 anos no Estado, e sabemos o impacto da falta de água na oferta de energia em um futuro próximo”, disse ele.
A ideia, explicou, é contar com a colaboração da iniciativa privada e organizações não governamentais para expandir o projeto e instalar usinas solares em até 5 mil prédios públicos. “Este é só o primeiro passo. Estou muito otimista que conseguiremos, juntos, transformar o Paraná em um estado sustentável. Queremos colaborar para promover mudanças globais, que priorizem projetos e construções de baixo impacto ambiental para que possamos deixar um mundo melhor para nossos filhos”, salientou Ratinho Junior.
INVESTIMENTO – O Governo do Estado investe R$ 45,7 milhões na inciativa, que contempla as cidades de Balsa Nova, Fazenda Rio Grande e São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba; Cascavel e Foz do Iguaçu, no Oeste; e Maringá e Paranavaí, no Noroeste. Desse total, R$ 28 milhões são destinados a fundo perdido pela Copel.
Os investimentos nesta iniciativa são provenientes do Programa de Eficiência Energética (PEE) que, atendendo ao contrato de concessão de distribuição de energia e a Lei 9.991/2000 – que obriga a destinação de 0,5% da Receita Operacional Líquida (ROL) a projetos de eficientização no uso final da energia. O programa é executado pela Copel e regulado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
"Esta proposta atende as necessidades da sociedade de forma inovadora, integrada e sustentável, seguindo as diretrizes estratégicas da Copel para que a pesquisa alcance resultados cada vez mais relevantes e aplicáveis”, detalhou o presidente da Copel, Daniel Slaviero.
Já a Fomento Paraná, em parceria com o Paranacidade e a Secretaria do Desenvolvimento Urbano e de Obras Públicas, vai disponibilizar R$ 17,7 milhões para que os municípios usem como contrapartida na execução do projeto. O recurso é do Sistema de Financiamento dos Municípios (SFM).
MAIS SUSTENTÁVEIS – A discussão para a implantação do projeto iniciou no ano passado, e os painéis fotovoltaicos devem ser instalados ao longo de 2021. A previsão é que, em três anos, todo o investimento se pague, tornando a iniciativa autossustentável não apenas do ponto de vista energético, como também financeiramente.
“Esse resultado nos motivou a implantar esse projeto, que será importante para os municípios, que estão cada vez com o orçamento mais apertado, como também está vinculado a compromissos internacionais de sustentabilidade, como a Agenda 2030 da ONU, à Nova Agenda Urbana e ao Acordo de Paris, que busca dar uma resposta às mudanças climáticas”, afirmou o secretário estadual do Desenvolvimento Urbano, João Carlos Ortega. “Nossa pasta, que já contribui com a promoção do desenvolvimento e do planejamento urbano, também vai ajudar a tornar as cidades paranaenses mais sustentáveis”, disse.
O superintendente executivo do Paranacidade, Álvaro Cabrini, ressaltou que a iniciativa tem também um apelo educativo. “A ideia é que a proposta de uma vida mais sustentável se multiplique através das escolas. Além de promover uma melhoria muito grande nesses ambientes, também estamos mostrando para a juventude um novo mundo e um novo caminho”, disse.
ZERO ENERGIA – As 208 escolas municipais selecionadas pelas cidades participantes vão aderir ao conceito de zero energia, ou seja, toda a eletricidade consumida nesses locais será produzida pelas placas fotovoltaicas instaladas nos telhados das edificações, já que o sistema foi dimensionado para gerar a mesma quantidade de energia que é consumida no período de um ano.
Para chegar a esse resultado, foi feita uma espécie de auditoria, com a proposta de primeiro reduzir o consumo, para então iniciar a produção de energia renovável.
Neste trabalho inicial, foi feito um levantamento de todo o sistema de iluminação e dos equipamentos usados nas escolas, como ar-condicionado, geladeiras e computadores, que foram substituídos por versões mais eficientes.
“É uma forma de empregar os recursos de forma mais inteligente, com a redução do consumo antes mesmo de iniciar o processo de geração”, explicou Guido Petinelli, sócio-diretor da Petinelli Engenharia, empresa que ajudou na elaboração do projeto.
O CEO da GBC Brasil, Felipe Faria, destacou que o projeto se destaca por unir diferentes instituições que pensam a eficiência energética de uma maneira global. “O destaque é a maestria com que o projeto trabalha a questão da eficiência energética, partindo de um diagnóstico antes de ir para a produção de energia. As edificações vão operar de forma mais eficiente, para então partir para a geração”, disse.
VAI ALÉM – Em Balsa Nova, o projeto vai além e abrange as escolas municipais, os prédios da prefeitura, da Câmara de Vereadores, algumas unidades de saúde e ginásios esportivos. Toda iluminação pública do município também será substituída por um sistema mais eficiente, com a previsão de troca de 2.111 lâmpadas e instalação de uma fazenda solar offsite.
A cidade, que tem cerca de 15 mil habitantes, deverá economizar R$ 840 mil por ano somente na conta de luz, recurso que corresponde a 11% do orçamento municipal para a educação.
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Copel irá contratar energia produzida por autogeradores
A Copel lança, na próxima quarta-feira (18), uma chamada pública para a contratação de energia proveniente de autogeradores, como é o caso das usinas fotovoltaicas e das Centrais Geradoras Hidrelétricas (CGH), por exemplo.
O projeto-piloto da Copel, que terá duração de cinco anos, é inédito no Brasil e foi autorizado pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). A previsão é contratar até 50 MW (megawatts) médios de energia nessa modalidade, equivalente a 438 mil MWh/ano ou 1,9% da carga anual da companhia.
O objetivo da chamada é atrair produtores independentes de pequeno e médio porte, incluindo minigeradores, aproveitando ainda mais o potencial energético do Estado, com capacidade para operar de maneira isolada ou conectado à rede de distribuição. Para vender à Copel, os autogeradores terão de constituir uma microrrede, que é um sistema elétrico independente que funciona como uma “ilha de energia”.
Os autogeradores que construirão as microrredes poderão vender a energia gerada para a Copel e, com isso, abastecer um grupo de consumidores próximos. A Copel ficará responsável pelo controle e segurança da operação. As melhorias envolvem redução do tempo de atendimento ao cliente e incentivo a inovação e integração tecnológica.