Atingido pela globalização, flexibilização, competitividade e pelas novas tecnologias, o trabalho passou e ainda passa por profundas transformações. Esta nova dinâmica social do trabalho impacta diretamente na formação do profissional do futuro, reivindicando uma nova abordagem organizacional dentro das empresas. Mas quais características irão de fato influenciar nas competências profissionais exigidas dentro das grandes corporações?
Para Naomi Fernanda dos Santos, Lucia Pereira de Lara e Ricardo Ruthes, membros do Grupo de Pesquisas do ISAE Escola de Negócios, a automação do processo produtivo incita o surgimento de novos instrumentos de comunicação e novas maneiras de gestão e participação do trabalhador no processo produtivo. “A máquina não substituirá o homem no que tange a capacidade de lidar com problemas inesperados e com a criatividade”, aponta Naomi.
Junto a esse desenvolvimento tecnológico, houve mudança nos valores organizacionais e, consequentemente, nas exigências profissionais por parte do mercado de trabalho. “Esse diferencial requerido do trabalhador hoje exige habilidades que não são capazes de serem executadas por máquinas, são habilidades propriamente humanas, como relacionamento interpessoal, criatividade, adaptabilidade, empatia, entre outras. As famosas soft skills”, aponta Lucia. As soft skills são definidas como habilidades sociais e comportamentais, geralmente desenvolvidas a partir de experiências pessoais, considerando o contexto cultural e o ambiente em que a pessoa está inserida.
Assim sendo, Ricardo aponta que para um profissional poder desenvolver e trabalhar suas soft skills, se destacando no atual mercado de trabalho, é necessário o seu autoconhecimento. “Do mesmo modo que uma empresa utiliza uma matriz Swot para analisar suas fraquezas, ameaças, oportunidades e pontos fortes, o indivíduo também precisa traçar suas principais características, para assim desenvolvê-las”, explica o especialista. Para os pesquisadores, este processo de desenvolvimento de novas soft skills pode ser hercúleo e extenuante, mas é cada vez mais necessário para quem almeja uma boa colocação profissional.
Segundo a Page Personnel, consultoria global de recrutamento para cargos de nível técnico e suporte à gestão, nove em cada dez profissionais são contratados pelo perfil técnico e demitidos pelo comportamental, ou seja, pela falta de alguma soft skill. Tendo isto em vista, diversas empresas tem focado seu recrutamento em analisar o perfil comportamental dos postulantes as suas vagas sobrepondo, inclusive, o perfil técnico, uma vez que este é mais fácil de se obter.
Naomi propõe a reflexão sobre a vida útil das hard skills, ou seja, das competências essencialmente técnicas, como ter um diploma de curso técnico ou superior, ser fluente em inglês e dominar uma ou mais tecnologias. “Em breve chegará o dia em que seu diploma, Pós-Graduações, MBA’s e mestrado terão menos valor que a sua humildade, criatividade, empatia e inteligência emocional. A pergunta que fica é: você está preparado para este novo cenário do mercado?”, questiona a especialista.