Na manhã desta segunda-feira (24), a equipe do portal conversou com Luiz Cezar Dallastella, professor de inglês de 62 anos que vem chamando atenção no centro de Curitiba por oferecer aulas ao ar livre em um banco da tradicional Rua XV de Novembro, na região da Boca Maldita. A história ganhou repercussão nacional após viralizar no LinkedIn e mobilizar uma corrente de apoio nas redes sociais.
Com um banner que convida os pedestres a “praticar inglês ao ar livre”, Luiz compartilha um pouco de seu conhecimento com quem estiver disposto a parar por alguns minutos para conversar. O objetivo, segundo ele, vai além de apenas atrair novos alunos: “Estou fazendo esse trabalho por dois motivos. Um é divulgar meu trabalho, o outro é praticar empatia com o ser humano”, explicou. As aulas são gratuitas, com contribuições simbólicas aceitas conforme a possibilidade e vontade de cada pessoa.
Luiz morou por dez anos nos Estados Unidos, parte do tempo em situação de imigração informal, como tantos brasileiros. Retornou ao Brasil no ano 2000 e, desde então, decidiu transformar o inglês em profissão. Atuou em escolas e, mais tarde, passou a oferecer aulas particulares. No entanto, com o avanço da idade e os efeitos da pandemia, as oportunidades diminuíram. De 2013 em diante, passou a enfrentar dificuldades para manter os alunos e, mais recentemente, decidiu inovar: foi para as ruas com seus livros, um banner e muita disposição.
“Amo o centro de Curitiba. Isso aqui me conecta com o meu passado, me faz feliz. Quando minha mãe faleceu em 2015, entrei em depressão. Foi meu psicólogo que me ajudou com essa ideia, inclusive foi ele quem fez o banner que eu uso”, contou. Para Luiz, a iniciativa também é um processo de superação pessoal. “Estar aqui é uma forma de vencer os meus medos.”
Apesar do ambiente improvisado, Luiz é claro: não existe um método fechado para as aulas na rua. “As conversas são rápidas, voltadas para tirar dúvidas ou ensinar expressões. Não cobro por isso. A pessoa paga o que quiser, se quiser.” Ele acredita que a simplicidade da abordagem atrai justamente pela autenticidade: “É voluntário, é humano, é real.”
A viralização do seu caso nas redes sociais surpreendeu o professor. “Nunca imaginei que viraria famoso. Está sendo uma virada na minha vida. A procura aumentou muito, principalmente pelo Instagram. Preciso até me organizar melhor, marquei duas aulas no mesmo horário sem querer”, relatou, sorrindo.
Apesar do crescimento na demanda online, Luiz ainda pretende manter a presença no centro de Curitiba, especialmente no horário de almoço, quando há maior movimento de pessoas. “Não posso prometer que estarei todos os dias, mas minha ideia é vir sempre que possível nesse horário.”
Ao final da entrevista, o professor deixou uma mensagem para quem também enfrenta dificuldades: “Fico feliz por inspirar alguém. O mundo é feito de inspirações. Se eu puder ser essa inspiração para uma pessoa que seja, já vale a pena.”
Quem quiser apoiar ou entrar em contato com o professor Luiz pode procurá-lo no Instagram @luizcezardallastella ou por telefone no número (41) 9 9985-1892. Doações podem ser feitas via PIX, no CPF 850.753.707-30.
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