Uma empresa de biotecnologia dos Estados Unidos deu um passo inédito rumo à desextinção de espécies. A Colossal Biosciences revelou o nascimento de três filhotes com características genéticas semelhantes às do lobo-terrível, animal extinto há cerca de 13 mil anos e amplamente conhecido pelo público por sua representação na série Game of Thrones.
Os animais nasceram saudáveis a partir de um processo de edição genética realizado em lobos-cinzentos, considerados os parentes vivos mais próximos do lobo-terrível. Foram feitas alterações em 20 locais distribuídos por 14 genes, baseadas em informações obtidas a partir de fósseis localizados em Ohio e Idaho. As modificações visavam recriar traços como tamanho, estrutura muscular e padrão da pelagem, típicos do predador pré-histórico.
O experimento marca um avanço no campo da engenharia genética e representa um marco para o projeto de desextinção, que busca recriar espécies extintas com o auxílio de tecnologias modernas. A Colossal, fundada em 2021, conta com cerca de 130 cientistas e também trabalha na tentativa de ressuscitar outros animais icônicos, como o mamute-lanoso, o dodô e o tigre-da-tasmânia.
Entre os métodos utilizados pela empresa, destacam-se a inserção de genes antigos em espécies vivas próximas, como no caso do elefante-asiático para o mamute-lanoso e do pombo para o dodô. No projeto relacionado ao tigre-da-tasmânia, a estratégia é usar células de espécies semelhantes e clonagem.
Apesar do avanço, o projeto é alvo de críticas por parte da comunidade científica. Pesquisadores questionam a ausência de publicações revisadas por pares que validem os resultados, e apontam que os animais criados não podem ser considerados verdadeiros lobos-terríveis, mas sim lobos-cinzentos geneticamente modificados. Além disso, a modificação de apenas 14 genes, em um genoma canino que possui aproximadamente 19 mil, levanta dúvidas sobre a eficácia da técnica para recriar completamente uma espécie extinta.