Gravações de áudio da Vereadora Fabiane Rosa (PSD) com ex-funcionárias reforçam que Fabiane exigia reiteradamente o repasse de um porcentual dos salários de seus assessores. Uma prática conhecida popularmente como “rachadinha”. Em uma das gravações é possível ouvir ela pedindo um percentual dos salários de funcionários.
Confira os aúdios divulgado pela Gazeta do Povo:
- [inaudível] por serem os dois salários maiores do gabinete, é pedir que vocês também colaborem com um valor todo mês, porque eu não tenho o que fazer. Não tenho o que fazer. O [assessor] está, desde que ele assumiu o cargo, ele também está me ajudando. Eu não tenho saída. Essa é a minha causa. Eu vejo que os outros vereadores também tem suas causas sociais, e que, por isso, também se… acabam fazendo isso. Por exemplo, o Zezinho lá, do Sabará, ele mesmo falou: “eu gasto 15 mil reais por mês em ônibus”. Como é que ele faz isso? Como é que ele banca isso daí? E a minha causa são os cachorros. É isso que eu queria ver com vocês.
- O quê, que eu não peguei?
- Que eu preciso que elas façam o repasse do salário. Porque eu vou ter que bancar metade do aluguel e a [empregada] sozinha.
- Deixa eu entender: você está pedindo 10% para todo mundo? É isso?
- É.
- Inclusive para quem está na Rede?
- Já estão dando. Sim.
- [assessora], [assessora]…
- A [nome] eu não vou. Não vou pedir agora porque não é uma pessoa que eu possa confiar. O [assessor] já está dando, mais do que isso, desde que ele assumiu.
- As meninas novas também? A [assessora]…
- Também. Vou falar com elas.
- Daí para este mês?
- É.
- Bom, Fabi, você sabe da minha situação. Sou sozinha, o [nome] não pagou nada da faculdade, estou com 10 parcelas atrasadas, então…
- Pois é, [assessora], mas você tem uma filha, eu tenho dois filhos e 22 cachorros.
- Não tem jeito, né?
- E fora aluguel, fora… então se você não pode, infelizmente eu vou por alguém que possa. Alguns repasses de chefe de gabinete são muito mais do que isso.
- Mas me admira você falar isso, porque a tua fala era totalmente contra. Agora tá tudo normal?
- Não, não é normal, mas é a causa.
- Para mim não é normal, desculpe. Para mim isso é corrupção, não é normal.
- Pois é, mas é a causa, né?
- Mas não é a causa, você não está pedindo para a causa, você está pedindo para você.
- Não, eu estou pedindo para os meus cachorros.
- Você falou da [empregada], você acabou de falar da [empregada], de pagar tuas contas.
- Sim, mas eu só posso… Não, as minhas não. A [empregada], eu só posso continuar com a [empregada] aqui se eu… Eu só posso ter os meus cachorros se a [empregada] continuar aqui. É para a minha causa. Os meus cachorros são todos oriundos do Salva Bicho. Eu não tirei…
- Tudo bem, mas para mim não é normal, eu não concordo. Eu acho que isso é corrupção. Se é normal para todo mundo fazer, para mim não é. Tua fala era totalmente contra isso.
- Pois é, mas hoje eu entendo que…
- Agora tá normal.
- Não é questão de ser normal. Pode até… Ô [assessora], você está à vontade para pedir exoneração. Aí fica a teu critério. Fica a teu critério, se você acha… Eu também acho errado. Eu também acho errado, mas na situação em que eu estou… É o que eu vejo que todos fazem.
- Mas é só você. Você só está vendo você, Fabi. Você está sendo muito egoísta…
- Eu?
- Você está vendo tudo você, é só você. Ninguém tem conta, ninguém tem problema. Só você? E o resto das pessoas?
- Meu Deus, [assessora], você não paga um real na tua casa…
- Não, eu não pago, mas o resto tudo eu estou pagando sozinha.
- Mas você tem uma filha, eu tenho 22 cachorros…
- O teu problema é maior do que o de todo mundo? Então OK.
- Pois é, [assessora], mas fique à vontade. Fique à vontade.
- Calma, meninas.
- Eu ponho alguém lá que me repasse a metade.
- Se é o que você quer, você vai ter que fazer isso mesmo, porque eu não tenho a menor condição de te passar metade.
- Então tudo bem. Pois é, mas eu posso conseguir alguém que, por esse cargo, me repasse metade. Isso é fato. As pessoas se dispõem, porque um salário desse não é em qualquer lugar que você tem. Não é mesmo. Na iniciativa privada, por exemplo, não se tem em momento nenhum.
- Pergunte para qualquer chefe de gabinete como que é a vida delas.
- Eu converso com bastante gente lá, eu sei como que é.
- Então, assim, se você acha que teu salário é pouco e que você não pode fazer esse repasse…
- Em nenhum momento eu falei que meu salário é pouco…
- Pois é, mas aí então…
- Eu falei das minhas condições, das minhas contas.
- Eu te falo que uma pessoa assumiria por lá para me repassar muito mais até, se eu precisasse.
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Documentos, gravações de áudio e vídeo fazem parte do processo aberto pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) contra a vereadora em dezembro de 2019, a partir de uma denúncia anônima feita ao Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).