O documentário “Do like ao cativeiro: ascensão e queda de uma guru do Instagram”, lançado pela BBC News Brasil no YouTube, trouxe à tona a história chocante de Katiuscia Torres, conhecida como Kat Torres ou Kat Luz. A ex-modelo e influenciadora digital é investigada por tráfico humano e exploração de jovens brasileiras nos Estados Unidos.
Kat Torres atraía suas vítimas com promessas de uma vida melhor e oportunidades de trabalho em Nova York. Contudo, ao chegarem à residência da influenciadora, as jovens encontravam um cenário de falsas promessas, onde eram obrigadas a trabalhar sem remuneração, ameaçadas e, em alguns casos, forçadas à prostituição.
No dia 28 de junho deste ano, Kat foi condenada a oito anos de prisão por tráfico humano e condições análogas à escravidão. A sentença foi emitida pelo juiz Marcelo Luzio Marques Araújo, da 10ª Vara Federal do Rio de Janeiro. Atualmente, Kat cumpre pena no Complexo Penitenciário Santo Expedito, em Bangu.
Nascida em uma família humilde em Belém, Pará, Katiuscia Torres mudou-se para o Rio de Janeiro durante a adolescência em busca de uma carreira de modelo. No exterior, ela trabalhou para marcas renomadas como Victoria’s Secret, L’Oréal e Gillette. A fama como influenciadora veio após aparições ao lado do astro de Hollywood Leonardo DiCaprio e uma participação em um filme da franquia “Velozes e Furiosos”.
Nas redes sociais, Kat exibia uma vida de luxo e se promovia como “life coach”, oferecendo cursos que prometiam evolução espiritual e sucesso financeiro e amoroso. Ela também publicou um livro autobiográfico, “A Voz”, onde afirmava possuir poderes espirituais e a capacidade de prever o futuro. Por um valor adicional, Kat oferecia consultas individuais, prometendo resolver qualquer problema de seus seguidores.
A queda de Kat Torres começou quando ela foi acusada de tráfico humano. Em setembro de 2022, o FBI iniciou uma investigação após denúncias das famílias de Desirrê Freitas e Letícia Almeida, jovens desaparecidas após se mudarem para a casa de Kat em Nova York.
Desirrê revelou à BBC que foi obrigada a trabalhar em um clube de strip-tease e, posteriormente, a se prostituir. Ela afirmou que Kat estabelecia metas financeiras diárias e que, se não fossem atingidas, as vítimas eram severamente punidas. “Acabei dormindo várias vezes na rua porque não consegui bater a meta”, relatou Desirrê.
Em entrevista à BBC, Kat Torres negou todas as acusações, afirmando ser vítima de uma campanha de mentiras. “Eu tive crises e mais crises de riso com tanta mentira que eu escutei. Todo mundo na sala podia ver que as testemunhas estavam mentindo. As pessoas me chamam de guru falsa, mas ao mesmo tempo falam que eu sou muito perigosa. Cuidado comigo, porque eu posso mudar o que as pessoas pensam”, declarou Kat.
Seu advogado, Rodrigo Menezes, afirmou que recorreu da decisão e insiste na inocência de Kat. Novas denúncias de outras mulheres continuam a surgir, gerando uma nova investigação no Brasil.