A Polícia Civil de São Paulo instaurou um inquérito para investigar a plataforma Discord por possível apologia à violência digital, após a exibição de uma live que mostrava um adolescente se automutilando diante de dezenas de espectadores. O caso ocorreu no fim de janeiro e foi identificado pelo Núcleo de Observação e Análise Digital (Noad), unidade especializada em crimes contra crianças e adolescentes.
Segundo os investigadores, a transmissão envolvia um jovem de 15 anos e foi acompanhada por cerca de 50 outros adolescentes. Diante da gravidade do conteúdo, a Polícia Civil acionou a empresa solicitando a remoção imediata do vídeo. No entanto, a plataforma teria alegado que a situação não se configurava como emergencial, o que motivou a elaboração de um relatório de inteligência e, posteriormente, a abertura formal de inquérito no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no dia 28 de março.
O episódio reacendeu discussões sobre o papel das plataformas digitais na proteção de menores de idade e a responsabilidade de empresas de tecnologia em situações de risco. Criado em 2015, o Discord é um aplicativo gratuito de comunicação por texto, voz e vídeo, popular entre adolescentes e jovens adultos. A plataforma permite a criação de servidores temáticos que funcionam como comunidades independentes, com canais de conversa, transmissões ao vivo e compartilhamento de tela.
Originalmente voltado para o público gamer, o Discord expandiu sua base de usuários e passou a ser utilizado por estudantes, artistas, profissionais e influenciadores. Um dos diferenciais da plataforma é a possibilidade de personalização e controle de servidores, com papéis específicos para administradores e moderadores, além do uso de bots para gerenciamento e entretenimento.
Apesar de oferecer recursos de segurança, como filtros contra conteúdo impróprio, controle de mensagens diretas e políticas contra discurso de ódio e assédio, o Discord tem enfrentado desafios relacionados à moderação de conteúdo, especialmente em casos envolvendo menores de idade.
O caso em investigação evidencia a complexidade do monitoramento de ambientes virtuais e a necessidade de respostas rápidas por parte das empresas diante de conteúdos que possam representar risco à integridade dos usuários.