Domingo de carnaval, em Curitiba, começa com a Zombie Walk, tradicional marcha dos mortos-vivos pelo centro da cidade que já completa dez anos, tornando-se, assim como o Psycho Carnival, um evento do calendário de eventos do Paraná. Início de noite e a Rua São Francisco já se animava com os batuques carnavalescos quando Elton Rufino, Jax Espindola, Luis Lammel e Wagner Aleixo preparavam seus instrumentos para a apresentação de sua banda, João Cascaio. Do mais tradicional rock and roll dos anos 50, as misturas de Leo Canhoto e Robertinho, os cabras do João Cascaio fizeram os quadris da pequena plateia que chegava no Joker´s balançarem.
O Wood Surfers veio de Londrina trazendo uma mistura de surf music, ritmos de ska, jazz e swing latinos. Marcão Pelisson (Guitarra), Isis Karolina (baixo) e Lucas Figueiredo (bateria), mantiveram a plateia animada que a essa hora já começava a lotar o espaço.
O público deste domingo era bastante heterodoxo, já que a última banda do dia é um ícone do punk rock nacional. Os Garotos Podres traziam muita expectativa pela sua militância operária. Mas antes deles muita coisa ainda ia rolar pelo Festival. Já passava um pouco das dez da noite quando os húngaros do Tom White & The Mad Circus subiram ao palco do Psycho Carnival. Foi a grata surpresa do dia. Rockabilly honesto e com muita qualidade. O grupo formado em Budapeste, Hungria tem em sua atual configuração Tom White na voz, violão e harmônica, Ricky na guitarra e voz, Buzsik Tamás na bateria e, no contrabaixo acústico, Alisson Big Bull, brasileiro natural de Uberlândia (MG) que reside na capital húngara. Com shows intensos e uma presença de palco eufórica, a banda atingiu o ápice de sua popularidade ao chegar às semifinais do programa de TV X-Factor. Pensa em uns caboclos que tocam com paixão e originalidade, mesmo quando revisitam os clássicos do gênero. As rodas de pogo deram lugar a diversos casais que dançavam rock and roll como se não houvesse amanhã.
Os Red Lights Gang de São Paulo deram sequência na efervescência criada pelo húngaros e botaram a zumbizada para dançar. Uma mistura ritmos de raiz americana, como o hillbilly, a classic country music, o blues, o rockabilly, o early rhythm & blues, o western swing, partículas que misturadas ajudaram a formar o rock’n’roll. A formação atual conta com Marcial Balbás no contrabaixo acústico, Fabio McCoy na bateria, Ramis Abud no violão, Luiz Felipe Toro na guitarra e Américo no vocal.
Até aqui os shows aconteciam numa boa, com o povo dançando e cantando. Mas quando os anfitriões do Psycho Carnival, Sick Sick Sinners sobem ao palco a coisa ficou séria. Criado no fim de 2005 em Curitiba, hoje tem a seguinte formação: Vlad Urban (guitarra e vocal), Mutant Cox (baixo e vocal) e Orleone Recz (bateria e vocal). O Sick Sick Sinners fizeram um show arrasa-quarteirão com muito Psychobilly e sem dar tempo do público respirar. Era visível a alegria da banda que está desde o primeiro Psycho, seja com os Sick Sick Sinners ou com os Catalépticos, sem o esforço destes abnegados amantes do Psychobilly, muito provavelmente o Psycho Carnival nem existiria.
Já passava da uma da madrugada quando os Garotos Podres subiram no palco para a última apresentação do dia. O salão estava lotado misturando as tribos do Psychobilly com os Punks e alguns senhores saudosos, de cabelos brancos também apareceram para matar a saudade do que muito provavelmente foi uma das suas bandas de juventude. Sua música cheia de mensagens antifascistas e de resistência ao sistema, marcaram época e também criaram um novo público jovem, que identifica, em suas letras, o grito da revolução preso na garganta após toda essas mudanças políticas que o Brasil vem passando. Mao (Vocalista), Deedy (Guitarrista), Uel (baixista) e Tony Karpa (baterista), mostraram a todos que idade não significa nada quando a paixão pela música e pelo rock and roll faz parte de seu modo de pensar a vida. Em todos estes anos de estrada podemos afirmar que os Garotos Podres criaram uma obra-manifesto que luta contra qualquer forma de governo autoritário e fascista.
Hoje é o último dia e já começa quente com uma seleção de atrações que não vai deixar ninguém parado. Venha cedo, porque os shows são pontuais. 20º Psycho Carnival – 2019 20h – Diddley Duo 21h – Spitfire Demons (São Paulo) 22h – Drákula (Campinas) 23h – Jinetes Fantasmas (argentina) 00h – Frenetic Trio (Londrina) 01h15 – Ovos Presley