A humanidade sempre teve medo das mulheres que voam, sejam elas bruxas, sejam elas livres. As paulistas do Time Bomb Girls abriram a noite de sábado do Psycho em num voo rasante pelo palco, desfilando suas músicas com maestria e criatividade. Sayuri Yamamoto (guitarra), Déia (baixo) e Camila Lacerda (bateria), já participam da cena underground brasileira há muito tempo e agora com o Time Bomb Girls, mostram que o Psychobilly também é feito por mulheres empoderadas e livres. No Psycho Carnival, pouco importa se a banda é de meninas ou de meninos, em vinte anos, no palco do Festival sempre tocaram os melhores, e todos usamos preto. O Lendário Chucrobillyman é um instrumento vivo. A combinação simples dos instrumentos mantém uma antiga tradição das bandas de um homem só. Um único músico tocando vários instrumentos ao mesmo tempo, está limitado apenas pela sua imaginação e capacidade mecânica de realizar.
As neves do Aconcágua e as planícies da Patagônia trouxeram para o 20º Psycho Carnival os argentinos do Rancho Relaxo que estrearam no Festival mostrando que de Psychobilly los hermanos entendem. A banda acelerou a mente do plateia que a essa hora, enchia os copos de cerveja gelada e ensaiava as primeiras rodas de pogo.
A Curitiba Carnavalesca, com suas fantasias e adereços passava na frente do Joker´s, descendo a Rua São Francisco em direção a concentração para o desfile de carnaval na avenida, enquanto os paulistas do The Mullet Monster Máfia faziam os últimos ajustes para mais um show “arrasa quarteirão” do Psycho Carnival. O trio de Piracicaba incorpora o apoio marcante de um trompete que agrega um tom peculiar a música, e se traduz em personalidade e originalidade
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Na Suécia tem Prêmio Nobel, tem Björg Borg, tem a Omnipollo Brewery, tem ABBA, Ghost e The Cardigans, hahahaha. E tem os cabras do Test Pilots. Banda formada em 2014, o Test Pilots cativou rapidamente o público em seu show, com um som bem feito e contagiante. Psychobilly da mais alta qualidade que garantem ao Test Pilots o staff de primeira linha desta cena musical.
Mutant Cox (voz/guitarra/violão), Mark Cleverson (violino/voz), Osmar Cavera (baixo acústico) e Juliano Cocktail (bateria) formam o Hillbilly Rawhide. Os Caipiras Cascas Grossas (em uma tradução livre) têm experiência de palco e tarimba pra sacudir qualquer plateia. É impossível ficar parado diante da alegoria sonora que sujeitos nos propiciaram. Entre melodias e quebradeira total, todos que assistiram o show saíram com o espírito elevado, mente altiva e sensação de que valeu a pena
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O segundo dia do Psycho Carnival me leva a pensar que, após esses vinte anos o Festival já não deveria ser considerado patrimônio imaterial e cultural do Brasil. Quando escreverem a história dos carnavais brasileiros, o Psycho aparecerá como a resistência musical mais contundente dentre todos os carnavais do país. Hoje o dia é de show dos Garotos Podres, um clássico do Punk Rock Nacional que desde 1982, vem mostrando que o Papai Noel é um Velho Batuta. Mas antes tem um abre-alas de respeito, confira a programação e não se esqueça, os shows são pontuais. 20º Psycho Carnival – 2019 Domingo – 03/03 20h – João Cascaio 21h – Wood Surfers (Londrina) 22h – Tom White & The Mad Circus (Hungria) 23h – Red Lights Gang (São Paulo) 00h – Sick Sick Sinners 01h15 – Garotos Podres