Na última quinta-feira, em um acontecimento sem precedentes na história jurídica dos Estados Unidos, o estado do Alabama realizou a execução de Kenneth Eugene Smith, marcando a primeira utilização do gás nitrogênio como método de execução no país. Este caso tem gerado amplas discussões, polarizando opiniões sobre a ética e humanidade dos métodos de execução penal.
Kenneth Smith, 58 anos, foi condenado pelo assassinato de uma mulher em 1988. A execução, efetuada por inalação de gás nitrogênio puro, ocorreu às 20h25, horário local, em uma prisão estadual. O procedimento, que durou aproximadamente 22 minutos, foi descrito pelos defensores de Smith como uma forma de punição cruel e inusual, violando princípios constitucionais.
O método, nunca antes aplicado, foi defendido pelo estado do Alabama como uma alternativa humanitária às injeções letais, cujos componentes têm se tornado cada vez mais difíceis de adquirir devido à resistência das farmacêuticas em fornecê-los para este fim. No entanto, testemunhas e profissionais da mídia presentes relataram que a morte de Smith esteve longe de ser um procedimento humano.
O Supremo Tribunal dos Estados Unidos negou o último recurso de Smith na quarta-feira (24), permitindo que a execução prosseguisse apesar das críticas e apelos internacionais por intervenção. A decisão foi marcada pela dissidência de juízes liberais, incluindo a juíza Sonia Sotomayor, que criticou a decisão de utilizar Smith como sujeito de teste para este novo método de execução.
A história de Smith é notavelmente trágica, tendo sobrevivido a uma tentativa de execução anterior em novembro de 2022, quando o estado falhou em administrar uma injeção letal após várias horas de tentativas. Este evento traumático levou Smith a desenvolver Transtorno de Stress Pós-Traumático (TEPT), insônia e ansiedade, segundo ele mesmo relatou ao The Guardian dias antes de sua morte. Ele expressou seu terror diante da execução com nitrogênio, temendo uma morte por asfixia caso vomitasse na máscara.